China sobretaxa produtos dos Estados Unidos
Em reação a tarifas sobre aço e alumínio criadas por Trump, Pequim taxará em 25% oito bens importados dos EUA e em 15% outros 120
Pequim vai impor, a partir de hoje, tarifas de até 25% sobre produtos dos EUA, como carne suína e frutas. A medida é uma retaliação à decisão do presidente Donald Trump de sobretaxar a importação de aço e alumínio da China.
Em mais um capítulo da disputa comercial entre americanos e chineses, o governo de Pequim anunciou ontem que vai impor novas tarifas sobre produtos como carne suína e frutas dos Estados Unidos como retaliação à decisão do presidente Donald Trump de sobretaxar a importação de aço e alumínio – mercados nos quais a China é um ator dominante. O Ministério de Finanças da China disse que as novas tarifas já começarão a vigorar hoje. O anúncio ocorre após semanas de ameaças chinesas, em meio à escalada das tensões comerciais entre as duas maiores potências mundiais.
A Comissão de Tarifas Aduaneiras da China afirmou que irá impor uma tarifa de importação de 25% sobre oito produtos, incluindo carne suína. Foi anunciada também uma tarifa de 15% sobre a importação de 120 commodities, incluindo frutas.
Em 23 de março, entraram em vigor sobretaxas dos EUA nas importações de aço e alumínio, de 25% e 10%, respectivamente. Um dia antes, a China já havia indicado que poderia sobretaxar até US$ 3 bilhões em importações americanas caso Trump seguisse com o plano.
Segundo comunicado do ministério chinês, as medidas dos EUA violam regras relevantes da Organização Mundial do Comércio (OMC), não cumprem os requisitos para serem classificadas como “exceções de segurança” e, na verdade, são medidas de salvaguarda.
O comunicado disse ainda que houve sérios danos aos interesses chineses. Antecipandose a críticas dos EUA, o Ministério de Finanças afirmou que as tarifas agora impostas em retaliação são legítimas.
Produtores de carne suína dos EUA, em particular, devem ser bastante prejudicados pelas novas tarifas chinesas. Criadores de suínos e frigoríficos americanos expandiram seus negócios e construíram grandes unidades de processamento nos últimos tempos com a expectativa de exportações maiores.
Em Eagle Grove, no Estado de Iowa, a Prestage Farms, por exemplo, está construindo uma unidade para processar carne que teria como destino a China.
O lucro da chinesa WH, maior processadora mundial de carne suína, deve ser afetado. A WH comprou a americana Smithfield em 2013, e uma das razões para a aquisição era tirar vantagem da diferença entre os preços nos EUA e na China.
A carne americana costuma custar menos do que a chinesa por causa da escala e da eficiência da indústria dos EUA. Além disso, partes dos animais que os americanos não costumam consumir, como fígado e coração, podem ser vendidos na China por preços mais altos.
No caso da brasileira JBS, não haverá prejuízo por ora. Sua subsidiária americana, a JBS USA tem importante unidade de suínos, que produz para os mercados interno e externo. Mas as vendas da JBS para a China são feitas hoje a partir de Austrália, Brasil e Canadá, segundo a companhia.
Richard Owen, da Associação de Comercialização de Frutas dos EUA, disse na semana passada que as tarifas prejudicariam a indústria. Os EUA exportam cerejas, maçãs, uvas, ameixas, peras e morangos para a China.