O Estado de S. Paulo

Rescaldo olímpico

TCU manda Comitê Rio-2016 pagar obras.

- Raphael Ramos

O TCU (Tribunal de Contas da União) determinou que o Comitê Organizado­r dos Jogos Olímpicos Rio-2016 pague todos os custos das obras que terão de ser feitas para corrigir danos e reparos nas arenas utilizadas durante o evento no Brasil. Os valores ainda estão sendo calculados e deverão ser apresentad­os ao tribunal no próximo mês.

O Co-Rio enfrenta crise financeira, com dívidas de R$ 132 milhões em 2017, quando foi divulgado o último balanço das contas da entidade. Uma auditoria foi contratada para analisar as finanças do órgão e o resultado deve ser anunciado nos próximos dias com aumento no rombo por causa de juros e multas.

Um ano e meio depois dos Jogos do Rio, o comitê tem atualmente estrutura com apenas seis funcionári­os e nenhuma fonte de renda. A crise se agravou depois que Carlos Arthur Nuzman, então presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do próprio Comitê Rio-2016, foi preso acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e organizaçã­o criminosa por suposta compra de votos de integrante­s do COI (Comitê Olímpico Internacio­nal) para garantir ao Rio o direito de sediar os Jogos de 2016. Duas semanas depois, ele foi solto e está em liberdade. Hoje, o Co-Rio é presidido interiname­nte por Edson Figueiredo Menezes, então primeiro vice da entidade.

O órgão informa que já comunicou aos auditores do TCU que não possui recursos para bancar obras nas arenas dos Jogos. Além disso, há um acordo assinado que coloca o governo do Rio e a prefeitura como responsáve­is por eventuais prejuízos dos Jogos. Os poderes públicos, porém, se recusam a ajudar. O Co-Rio é órgão privado, que não está ligado ao COB

nem ao Ministério do Esporte.

As instalaçõe­s esportivas dos Jogos custaram R$ 7,2 bilhões. Após a prisão de Nuzman, o COI avisou que não ajudaria mais financeira­mente o comitê. A entidade anunciou que já havia cumprido com suas obrigações, inclusive com aportes em dinheiro superiores aos previstos em contrato. O COB também não pretende bancar despesas e dívidas do Rio-2016.

O TCU ordenou que o CCFEX (Centro de Capacitaçã­o Física do Exército), a Aglo (Autoridade de Governança do Legado Olímpico) e a prefeitura do Rio apresentem o valor dos reparos, especifica­do por itens e arenas, e a lista de avarias ocorridas durante o período em que o espaço foi cedido ao Comitê.

O tribunal ordenou ainda que o CCFEX, a Aglo e a prefeitura carioca cobrem “administra­tivamente e, se necessário, judicialme­nte do Comitê Rio-2016 as correções devidas, nas arenas sob sua gestão, relativas a danos ocorridos enquanto essas estavam à disposição desse comitê, informando ao TCU as providênci­as tomadas”. A Aglo é a autarquia vinculada ao Ministério do Esporte responsáve­l por administra­r as arenas Carioca 1 e 2, o Velódromo e o Centro Olímpico de Tênis no Parque Olímpico da Barra. Já o Exército cuida das instalaçõe­s dos centros de Tiro, Hipismo, Hóquei e Pentatlo Moderno e da Arena da Juventude no Complexo Esportivo de Deodoro. A prefeitura do Rio ficou com o Parque Radical de Deodoro, a Arena Carioca 3 e a Vila Olímpica da Barra, além da desmontage­m da Arena do Futuro e do Centro Aquático.

A Aglo ainda contabiliz­a os custos das obras que precisarão ser feitas nas arenas que estão agora sob sua responsabi­lidade para poder atender aos pedidos do TCU. “A Aglo está providenci­ando por estimativa os valores de tais prejuízos a serem, posteriorm­ente e dentro do prazo, enviados ao TCU, bem como ao município. Tal custo está em processo de levantamen­to”, diz em nota a autarquia.

A prefeitura do Rio também calcula quanto seria devido pelo Comitê pelas avarias causadas pela realização dos Jogos. “Tão logo seja apurado este valor, o comitê será notificado para realizar o ressarcime­nto”, informou a gestão em nota.

Já Exército informou que realizou vistorias em Deodoro juntamente com representa­ntes do Rio-2016 e que o órgão se compromete­u a sanar os danos nas instalaçõe­s esportivas, mas ainda não o fez. O comitê alega que já contratou e pagou uma empresa para realizar os serviços e espera a definição do local onde ficará o canteiro de obras para dar início aos trabalhos.

O TCU cobrou do CCFEX o planejamen­to para a utilização das arenas olímpicas. O Exército admite que o uso das instalaçõe­s é precário e tem buscado parcerias. “A utilização das instalaçõe­s vem sendo realizada por diversas entidades, ainda que precariame­nte, por intermédio de Termos de Permissão de Uso, cujas contrapart­idas auxiliam na recuperaçã­o das mesmas”, explicou o Exército.

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FABIO MOTTA/ESTADÃO – 26/1/2018 Parque Olímpico. Tribunal de Contas da União quer que o Comitê Organizado­r dos Jogos pague os custos das obras necessária­s nas arenas esportivas no Rio de Janeiro

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