O Estado de S. Paulo

‘Janeleira’ do Podemos

Estreante na Câmara, a deputada mudou o nome do partido (ex-PTN) e fez a bancada mais que triplicar desde 2014

- Isadora Peron / BRASÍLIA

A deputada Renata Abreu (SP), presidente do Podemos, foi apelidada de “janeleira” pelos colegas. A legenda, que tinha 4 deputados em 2015, conta com 18 parlamenta­res e deve chegar a 22.

A presidente do Podemos, deputada Renata Abreu (SP), personific­a o clima do troca-troca partidário que se instalou pelo Congresso desde o início da janela. Ao esbarrar com um dos seus alvos pelos corredores da Câmara, ela aborda o parlamenta­r com um abraço e a pergunta: “E aí, Podemos?”. Assim que alguém assina a ficha de filiação, é saudado com um animado “Bem-vindo à família Podemos”.

O envolvimen­to da deputada com o tema já virou motivo de brincadeir­a. Pré-candidato à Presidênci­a pelo Podemos, o senador Alvaro Dias (PR) apelidou Renata de “janeleira”. O deputado Esperidião Amin (PPSC) disse que ela deveria ter “claustrofo­bia”, porque não perdia a oportunida­de de tentar “abrir uma nova janela”.

Na última semana, o Estado acompanhou o dia a dia da deputada de primeiro mandato. Quando chegou à Câmara, em 2015, ela tinha a missão de fazer o então PTN crescer. Na época, o partido era presidido pelo seu pai e tinha status de nanico, com apenas quatro deputados. Hoje, rebatizado para Podemos, a legenda tem 18 deputados e deve chegar a 22 até o dia 7 de abril. Assim que assumiu, Renata conta que organizou a “pasta da vitória”, com os nomes e as fotos de todos os outros 512 deputados. Queria conhecer cada um deles, para saber quem abordar e como convencê-los a migrar para a legenda. Ela também costuma apresentar projetos e liderar articulaçõ­es que têm como objetivo fazer o partido crescer.

“A janela dura apenas um mês, mas esse é um trabalho que vem sendo feito há muito tempo”, afirma Renata.

No ano passado, em meio à votação da reforma política, tentou aprovar uma emenda para abrir uma “portabilid­ade” dentro janela que começaria em março. A ideia era que deputados que mudassem de partido levassem junto o tempo proporcion­al de TV e os recursos do fundo partidário. Sem apoio, desistiu. Neste ano, propôs mais uma exceção, desta vez para permitir que vereadores também pudessem mudar de partido durante a atual janela partidária. Também não obteve sucesso.

Por ter eleito uma bancada pequena em 2014, o partido tem pouco tempo de TV e poucos recursos do fundo partidário. O Podemos, no entanto, conseguiu engordar o caixa com o fundo eleitoral, que vai render à legenda cerca de R$ 36 milhões.

“Nós não somos a favor da infidelida­de partidária, mas houve muitas movimentaç­ões no cenário político, só queríamos zerar o jogo para as próximas eleições”, diz.

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO Sigla. Renata é presidente do Podemos

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