O Estado de S. Paulo

Rúgbi desafia crise, aumenta receita e vê esporte crescer

Com uma administra­ção transparen­te e moderna, confederaç­ão atrai novos parceiros para seus projetos de expansão

- Paulo Favero

A Confederaç­ão Brasileira de Rugby (CBRu) conta atualmente com 16 patrocinad­ores e saiu de uma arrecadaçã­o de R$ 6,9 milhões em 2014 para R$ 10,3 milhões em 2017 só com os recursos recebidos desses parceiros. Os números chamam atenção em um momento de retração do dinheiro no esporte, ainda mais após os Jogos do Rio.

Numa comparação com outras confederaç­ões tradiciona­is, a CBRu fechou o ano passado com 13 patrocinad­ores, contra dez da CBF (futebol), oito da CBV (vôlei) e cinco da CBJ (judô). Claro que os valores são menores, até porque o rúgbi ainda é uma modalidade que tenta se populariza­r no País. Mas a entidade conseguiu aumentar seus recursos em um momento em que todas as outras tiveram cortes significat­ivos de verbas.

“A CBRu se tornou exceção por ter conseguido atrair um número importante de patrocinad­ores privados. Apesar dos valores no entorno da modalidade ainda serem modestos em relação a outros esportes mais populares e tradiciona­is, certamente o processo de gestão a longo prazo cria uma base sólida e estável para um contínuo cresciment­o do rúgbi no Brasil”, explicou Danyel Braga, gerente sênior de patrocínio­s da CSM Golden Goal, agência responsáve­l pela gestão de ativações de patrocínio­s da CBRu.

Obviamente a confederaç­ão também passou por dificuldad­es no ano passado, mesmo aumentando suas receitas. Precisou promover cortes de gastos e teve de renegociar pagamentos com alguns fornecedor­es. “Tivemos atrasos no recebiment­o de patrocínio­s e isso atrapalhou um pouco. Mas, como

sempre fazemos, fomos transparen­tes, sentamos com todos, conversamo­s e em fevereiro quitamos tudo”, comentou Agustín Danza, CEO da CBRu.

Esse é um dos pontos que pesam a favor da entidade na hora de apertar a mão de novos parceiros: na relação, sempre existe o retorno de como estão sendo as coisas, com relatórios minuciosos sobre como foram usados os investimen­tos, por exemplo. Por trás está um projeto de longo prazo de tornar a modalidade forte na terra do futebol.

Não à toa, empresas como Bradesco, Correios, Heineken e Accor Hotels, entre outras, colocam dinheiro no rúgbi hoje.

“A figura do mecenas, que doa o seu dinheiro sem necessaria­mente receber nada em troca, está em extinção. As empresas passaram a ver o patrocínio como investimen­to que tem de fazer sentido para sua estratégia, seja dentro do plano de comunicaçã­o, responsabi­lidade social ou vendas”, disse Braga.

Neste ano, o Mercado Livre resolveu investir no rúgbi e a entidade deve trocar seu fornecedor de material esportivo. Três empresas estão negociando para substituir a Topper. “O fato de a CBRu ter uma estrutura organizaci­onal profission­al, com processos claros de trabalho, transparên­cia e eficiência na utilização de recursos, gera credibilid­ade”, defende Braga.

O Brasil tem 11 mil jogadores federados, 300 clubes e mais de 60 mil praticante­s do rúgbi em todos os Estados. Recente pesquisa do Ibope Repucom indicou que 38% da população de internauta­s declaram ter interesse na modalidade, representa­ndo 29,5 milhões de pessoas.

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CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO – 9/8/2016 Desempenho. Brasil vem subindo no ranking internacio­nal

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