O Estado de S. Paulo

‘Estamos bastante confortáve­is com a economia do País, apesar da política’

- /LUCIANA DYNIEWICZ

Com um portfólio de US$ 10 bilhões em crédito no Brasil, o Banco de Tokyo-Mitsubishi UFJ tem apostado em crescer fora da comunidade japonesa. Seguindo uma estratégia global, a instituiçã­o financeira – que divide globalment­e sua estrutura entre clientes japoneses e não japoneses – triplicou seu portfólio no Brasil entre os não japoneses nos últimos seis anos, passando de US$ 3 bilhões para um total de US$ 9 bilhões. No mesmo período, os créditos no País concedidos às empresas japonesas não saíram da casa do US$ 1 bilhão, de acordo com Juliane Yung, diretora do banco no Brasil para clientes corporativ­os não japoneses. “Há uns oito anos, o foco é se diversific­ar, para fora do Japão”, afirma a executiva. Para consolidar a estratégia, o banco – que faz parte do maior grupo financeiro privado do mundo, com aproximada­mente US$ 2,8 trilhões em ativos – mudou seu nome e, desde ontem, chama-se MUFG Bank, abandonand­o a referência japonesa da marca. No Brasil, para obedecer uma regra do Banco Central que exige que a palavra “banco” preceda o nome, passou a ser Banco MUFG

Brasil.

Por que o banco passou a focar em clientes não japoneses?

O banco está no Brasil há 99 anos. Sua operação sempre esteve muito ligada ao suporte às companhias japonesas que tem subsidiári­as no Brasil. Em 2011, o grupo fez uma injeção de capital no Brasil de R$ 600 milhões, com o objetivo de ampliar a atuação no País através da expansão dos negócios com clientes brasileiro­s. Até então, as operações mais robustas com clientes brasileiro­s eram realizadas através da unidades do grupo em Tóquio e em Nova York. A mudança de perfil no Brasil fazia parte de uma estratégia global do grupo de crescer em países emergentes. Agora queremos crescer em uma nova frente: as multinacio­nais que operam no Brasil.

A crise brasileira alterou os planos do banco para o País?

Claro que o rating do Brasil acaba preocupand­o. Mas, apesar disso, nunca estivemos em um momento tão bom aqui. É um momento em que se pode explorar oportunida­des além do crédito, como um derivativo, por exemplo. Nossa perspectiv­a é que, se tudo ocorrer bem, o Brasil só vai recuperar o grau de investimen­to em 2020. E estamos investindo mesmo diante desse cenário. Já havíamos vivido por muito tempo sem o grau de investimen­to. Estamos bastante confortáve­is com a economia do Brasil, apesar de toda a situação na política.

 ?? TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO ??
TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil