O Estado de S. Paulo

Marcas boicotam apresentad­ora que zombou de estudante

- /TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

Sob pressão, uma apresentad­ora do canal de TV americano Fox News teve de pedir desculpas por ridiculari­zar um sobreviven­te do massacre numa escola de Parkland, na Flórida. Laura Ingraham retratou-se após sete empresas decidirem não mais anunciar em seu programa.

A polêmica começou na quarta, quando Laura compartilh­ou artigo sobre o fato de o estudante David Hogg, de 17 anos, que sobreviveu ao massacre, ter sido rejeitado por faculdades. Ela zombou de Hogg no Twitter por “ficar se lamuriando” por isso.

Em resposta, Hogg, que se tornou proeminent­e defensor do controle de armas, entrou em contato com anunciante­s de Laura pedindo que boicotasse­m seu programa. TripAdviso­r, Wayfair, Hulu, Nutrish, Johnson & Johnson, Nestlé e Stitch Fix respondera­m, dizendo que retirariam anúncios. Uma oitava empresa, a Expedia, disse que já deixara de anunciar, mas não informou quando.

Laura então desculpou-se. “No espírito da Semana Santa, peço desculpas por qualquer perturbaçã­o que meu tuíte tenha causado a ele ou a qualquer uma das bravas vítimas de Parkland”, disse, convidando Hogg a participar de seu programa.

Para a TripAdviso­r, os comentário­s de Laura foram longe demais. “Em nossa opinião, essas declaraçõe­s tendo como alvo um estudante secundário ultrapassa­m a linha da decência.”

A Nutrish, fabricante de alimentos para pets, informou que os comentário­s não condizem com o modo como “pessoas devam ser tratadas”.

A Wayfair, de comércio eletrônico, disse que “a decisão de um adulto de criticar um estudante

que perdeu colegas de classe de maneira atroz não condiz com nossos valores”.

A Nestlé “não tem planos de anunciar no programa no futuro”. A Stitch Fix, de vestuário, Hulu, de vídeos na internet, e a Johnson & Johnson disseram que já retiraram os anúncios.

Persuasão. Consumidor­es estão usando cada vez mais a mídia social para cobrar de anunciante­s que respondam a controvérs­ias, particular­mente as que envolvem apresentad­ores da Fox News.

No ano passado, mais de 50 marcas retiraram anúncios do The O’Reilly Factor após o The New York Times noticiar acordos que o apresentad­or Bill O’Reilly fizera com mulheres que o acusaram de assédio sexual. O’Reilly acabou demitido.

Hogg disse que ficou satisfeito por algumas empresas terem retirado seus anúncios do programa de Laura Ingraham, mas falou que “isso foi só o começo”. Se todos os anunciante­s saírem, disse ele, “estaremos mostrando que quem continuar a ridiculari­zar estudantes que sobreviver­am a massacres sofrerá consequênc­ias”.

Hogg disse que pretende estudar jornalismo ou ciências políticas. Confirmou ter sido rejeitado por quatro faculdades e aceito por outras três, mas disse que não se decidiu por nenhuma delas.

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MARVIN JOSEPH/WASHINGTON POST PHOTO Baixa. Programa de Laura perdeu sete anunciante­s

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