O Estado de S. Paulo

Equipe de segurança do petista deve ser desmobiliz­ada

- Roberto Godoy

Oex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem direito pela vida toda a quatro agentes de segurança, mais quatro funcionári­os administra­tivos. A cada dois anos recebe dois carros de luxo, talvez blindados, como acontece com o presidente Michel Temer. O combustíve­l, as diárias do pessoal e as despesas de custeio caem na conta do Palácio do Planalto, da mesma forma que os gastos feitos em viagens aéreas, nacionais e internacio­nais, que Lula venha a fazer na condição de ex-chefe do Estado brasileiro.

Depois da prisão, não se sabe claramente o que acontecerá com essa estrutura, que beneficia todos os ex-presidente­s: José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Dilma Rousseff.

Os agentes, subordinad­os ao Gabinete de Segurança Institucio­nal (GSI), da Presidênci­a da República, chefiado pelo general Sérgio Etchegoyen, se revezam em turnos, dia e noite. Por causa deles, o contestado sítio de Atibaia, propriedad­e atribuída a Lula e tema de processo em fase de instrução sob o juiz Sérgio Moro, ganhou uma pequena ala anexa à casa principal para receber o pessoal. Pela mesma razão, uma sofisticad­a antena de comunicaçõ­es digitais foi instalada na área e a estrada de acesso recebeu melhorias. Cada um deles recebe salário básico de R$ 6.843,76. A esse valor são acrescidos os adicionais de função. O grupo de apoio – secretária­s, arquivista, bibliotecá­rio – tem salários variando entre R$ 2.115,72 e R$ 2.694,71, fora os pendurical­hos.

A equipe de segurança deve ser desmobiliz­ada. “Não se espera que os seguranças acompanhem o ex-presidente na cadeia”, comentou um oficial da Polícia do Exército que atuou na equipe de segurança presidenci­al durante a administra­ção de Dilma Rousseff. A situação de haver um ex-chefe de Estado encarcerad­o não foi prevista na lei. Para o oficial, isso “objetivame­nte” implica uma mudança na definição da missão. “Afinal, se mais adiante o Lula vier a receber o benefício do regime domiciliar, ele voltará a ser acompanhad­o por agentes públicos?”, questiona. Os funcionári­os responsáve­is pelo suporte administra­tivo devem ser mantidos. Cabe a eles cuidar da organizaçã­o da memória, dos documentos, dos registros formais do cotidiano, do atendiment­o a pesquisado­res acadêmicos e da organizaçã­o da agenda de Lula. Essa última atribuição, a partir de agora, será muito limitada.

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