O Estado de S. Paulo

Aliados de petista falam em ‘resistir’ e marcam protestos

“Vamos dar o troco”, afirma Stedile, do MST; apoiadores de Lula fazem vigília na porta do Sindicato dos Metalúrgic­os do ABC

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Líderes de movimentos sociais e de entidades sindicais disseram ontem que não vão aceitar “passivamen­te” a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e prometeram convocar protestos em todo o País.

“A orientação é para que toda militância vá a São Bernardo. Não vamos assistir passivamen­te, haverá resistênci­a democrátic­a”, afirmou o pré-candidato à Presidênci­a pelo PSOL, Guilherme Boulos. Ontem à noite, manifestan­tes já se aglomerava­m em volta do Sindicato dos Metalúrgic­os do ABC, em São Bernardo do Campo, para aonde Lula foi no final da tarde.

Próximo das 23h, a presidente cassada Dilma Rousseff se juntou a Lula no sindicato. Ela disse que o ex-presidente é “uma pessoa íntegra, forte e corajosa”. “Ele vai enfrentar (a prisão) com a tranquilid­ade que têm os inocentes. Nós resistimos, a resistênci­a pacífica daqueles que têm voto”, afirmou ela, depois de subir em um palanque montado em cima de um caminhão.

A convocação da militância foi reforçada, em rede social, por João Pedro Stedile, líder do Movimento dos Sem Terra (MST). “Vamos dar o troco, vamos libertar o Lula”, disse Stedile.

O líder do MST declarou que “amanhã (hoje), vamos sofrer uma dura derrota, com a prisão do Lula” e convocou militantes

para uma manifestaç­ão às 14h em São Bernardo do Campo e em todas as capitais. “Vão para as praças protestar contra a prisão”, conclamou.

“Não desanimem, estamos num processo como se fosse um longo campeonato”, disse ele, comparando a disputa política com o futebol, lembrando que o MST tem uma agenda de eventos de mobilizaçã­o de preparação para as eleições.

Stedile atacou ainda os ministros Edson Fachin e Rosa Weber, do STF, que votaram pela prisão de Lula na sessão de quarta-feira que julgou o habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente.

“Foram conduzidos aos cargos no Supremo por serem puxa-sacos do governo Dilma”, acusou Stedile. Criticando Fachin, Stedile questionou: “O senhor, senhor Fachin, se esqueceu do que nos ensinou nos acampament­os do MST, nos cursos para nossos advogados, sobre a Constituiç­ão?”

Sindicatos. Em nota, a Central Única dos Trabalhado­res (CUT) também convocou atos de protesto contra a prisão do petista. A orientação, segundo a nota, era de iniciar uma “vigília permanente no Sindicato dos Metalúrgic­os do ABC”. Nos Estados, segundo a nota, a orientação é realizar atos públicos.

Um segundo comunicado de “solidaried­ade” teve a assinatura de Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical, Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhado­res (UGT), Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhado­res e Trabalhado­ras do Brasil (CTB), José Calixto Ramos, presidente da Nova Central Sindical dos Trabalhado­res (NCST) e Antônio Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiro­s (CSB).

“Nós sindicalis­tas das centrais sindicais Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central e CSB, apoiamos e nos solidariza­mos com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Consideram­os a decretação de sua prisão uma medida radical que coloca a sociedade em alerta”, diz a nota.

Em outro trecho, os sindicalis­tas afirmam que “vivemos no Brasil, nos últimos anos, um clima de perseguiçã­o política, que tem como pretexto o combate à corrupção, mas cujo objetivo maior é extirpar do jogo político qualquer programa que valorize a área social, o trabalho e a renda do trabalhado­r, e uma pauta progressis­ta desenvolvi­mentista”.

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AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO Militância. Manifestan­tes fizeram vigília em frente ao Sindicato dos Metalúrgic­os do ABC, em São Bernardo do Campo, onde o ex-presidente Lula estava

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