O Estado de S. Paulo

Renúncia encerra estilo inovador e dá lugar à discrição

Justiça barrou slogans da gestão Doria. Vice deverá reduzir ritmo de agendas públicas, como as da área de zeladoria

- / B.R. e F.L.

A renúncia de João Doria à Prefeitura encerra o estilo inovador e polêmico de gestão da cidade. Não somente pelo perfil menos midiático do sucessor Bruno Covas (PSDB), mas também por causa de duas decisões recentes da Justiça.

Doria termina o mandato proibido de usar o slogan “Acelera” e a logomarca “SP Cidade Linda”, duas siglas que criou e usou exaustivam­ente na Prefeitura e em suas redes sociais até as liminares concedidas a pedido do Ministério Público Estadual em fevereiro e março. Segundo a Justiça, Doria usava essas marcas para se promover pessoalmen­te, o que ele nega.

Neto do ex-governador Mario Covas, o novo prefeito da capital já deu sinais de que não manterá o ritmo de agendas públicas de Doria, em especial dos programas de zeladoria nas manhãs de sábado e domingo. Com 37 anos (completará 38 amanhã), Covas é formado em Direito e Economia e iniciou a carreira política cedo, na juventude do PSDB. Foi eleito deputado estadual em 2006 e reeleito em 2010. Entre 2011 e 2014, foi secretário do Meio Ambiente do governo Geraldo Alckmin (PSDB), de onde saiu para se eleger deputado federal.

Conhecido por atuar nos bastidores, Covas foi o responsáve­l por boa parte das indicações políticas na montagem do governo Doria e articulou dentro do partido a campanha para que o prefeito fosse escolhido como candidato da sigla a governador, nas prévias de março.

Em outubro do ano passado, ambos tiveram uma rusga, depois que Doria sacou Covas da Secretaria das Prefeitura­s Regionais e demitiu seu braço direito na pasta, Fábio Lepique, após a imprensa destacar a piora nos índices de zeladoria urbana, como varrição de rua e tapaburaco. Para amenizar o atrito, Doria criou a Secretaria da Casa Civil para abrigar Covas até a sua saída hoje.

Ambos combinaram que a transição será feita gradativam­ente. Agora, apenas Cláudio Carvalho, ex-diretor da Cyrela e amigo que Doria colocou no lugar de Covas nas Prefeitura­s Regionais, deve sair. Em julho, nomes ligados a Doria, como Anderson Pomini (Justiça), Júlio Serson (Relações Institucio­nais), Paulo Uebel (Gestão) e Fábio Santos (Comunicaçã­o) devem sair para fazer a campanha dele a governador ou voltar à iniciativa privada. Só a partir de 2019 é que Covas deverá montar o próprio time na Prefeitura.

“A equipe que estava comigo continua com o Bruno Covas, o que dá a perfeita continuida­de e a harmonia na sucessão.” João Doria

PREFEITO DE SÃO PAULO

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