O Estado de S. Paulo

‘Despejados’, moradores de rua se revoltam

- / FELIPE RESK

A chegada dos venezuelan­os em São Paulo causou revolta entre moradores de rua que usavam o Centro Temporário de Acolhiment­o (CTA) de São Mateus, na zona leste, e tiveram de deixar o albergue para dar lugar aos refugiados. Barrado do equipament­o, um grupo com cerca de dez pessoas montou uma “maloca” em uma praça a 350 metros de distância, onde dormiu sobre papelões.

A saída dos moradores de rua do albergue, anteontem, foi marcada por tumulto. Revoltados, alguns ex-abrigados no CTA atiraram pedras – e uma delas acertou o joelho direito do guarda-civil Francisco Moisés do Nascimento, de 35 anos. O caso aconteceu por volta das 19h40. “Eles avisaram ontem que a gente tinha de sair”, afirmou Maurício Aquino, de 19 anos, um dos que foi se abrigar embaixo do coreto da Praça Felisberto Fernandes da Silva. “Pegou a gente de surpresa”, concordou Jefferson Silva, de 22.

No portão do CTA, ontem, era possível ler um aviso. “A SMADS (Secretaria de Assistênci­a Social), em compromiss­o com a ACNUR (...) prioriza o bem-estar dos venezuelan­os que estão passando por um processo de adaptação”, dizia.

“Eles ofereceram para a gente ir para (o CTA de) Aricanduva e Guaianases, mas não é assim”, disse Fabio Toledo, de 43. “Eu estava bem, tinha um lugar fixo e, de repente, tenho de mudar. Isso desanima.”

O secretário Filipe Sabará negou que a decisão tenha sido repentina. “Conversamo­s com eles desde o fim de semana passado”, disse. Segundo o titular da pasta, a “maloca” é antiga. “Eles já permanecia­m na praça anteriorme­nte. Foi até um dos motivos para fazermos o CTA.”

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