Uma nova era no COMBATE AO CÂNCER
Tratamentos personalizados que usam o sistema de defesa de nosso corpo são os recursos mais recentes da medicina
Anova frente de batalha contra o câncer vem de uma ideia simples: usar drogas desenvolvidas para estimular as células do próprio sistema imunológico do paciente. Esse conceito é a base da imunoterapia, a mais promissora força contra a doença. Os avanços do tratamento, reconhecidos neste ano por publicações como a revista Nature e o relatório anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, na sigla em inglês), têm mudado vidas em todo o mundo. Somada às chamadas terapias-alvo, que acontecem por meio de moléculas específicas para tratar alterações genéticas presentes no tumor, a imunoterapia proporciona um tratamento personalizado na área chamada hematologia oncológica, que inclui também linfomas e mielomas, segundo o Dr. Rodrigo Santucci, coordenador da Oncologia Clínica do Hospital Leforte.
Médicos de todo o mundo estão entusiasmados com uma abordagem revolucionária no campo da imunoterapia, chamada CAR-T Cells
(em português traduzida como Linfócitos T com Receptores Quiméricos de Antígenos). Ela consiste na extração de células de defesa dos pacientes (os linfócitos T) e na manipulação de seu DNA para que desenvolvam um receptor capaz de identificar as células malignas. Reinserido no organismo, esse exército de defesa ataca apenas as células tumorais. O procedimento foi liberado para uso nos Estados Unidos em 2017. Neste ano, a equipe do Dr. Rodrigo Santucci passará quatro semanas no MD Anderson Center, no Texas, considerado um dos maiores centros de tratamento oncológico do mundo, para trocar conhecimentos e aprender mais sobre a técnica. “Desenhamos um tratamento personalizado que, em breve, será uma terapia de precisão”, afirma a Dra. Fauzia, oncologista clínica do Leforte Oncologia Higienópolis.
Na mira
As chamadas terapias-alvo também são importante avanço no tratamento personalizado, com o objetivo de diminuir efeitos colaterais e aumentar as chances de cura. Os estudos deste ramo da oncologia mostraram que, geneticamente, os tumores se expressam de maneiras diferentes. Conhecendo esse comportamento, é possível indicar medicamentos quimioterápicos bastante precisos. “De acordo com a expressão de algumas proteínas, há um tipo específico de tratamento e, assim, em vez de termos um quimioterápico que atinge todas as células, incluindo as saudáveis, conseguimos focar a droga apenas nas que estão doentes”, explica o Dr. Bruno Santucci, oncologista clínico do Hospital Leforte.
Esse tipo de tratamento é utilizado principalmente para câncer de pulmão, mama, intestino e melanoma, somado à quimioterapia convencional, radioterapia ou cirurgia. Quando empregada isoladamente, a terapia-alvo tem efeitos colaterais mais brandos em relação às drogas tradicionais.
Os estudos têm progredido também para minimizar os efeitos colaterais da quimioterapia convencional, com o apoio de recursos complementares, como as toucas que diminuem a queda de cabelo. Uma das mais eficazes, utilizada no Leforte Oncologia há cerca de um ano durante as sessões, promove a queda de temperatura do couro cabeludo, o que faz os vasos sanguíneos serem contraídos e impede que o medicamento chegue em grandes quantidades aos folículos capilares. “Queremos que o tratamento do câncer seja encarado como uma página que será virada em um futuro próximo”, afirma o Dr. Hézio Jadir Fernandes Jr., oncologista clínico do Leforte Oncologia Higienópolis.