O Estado de S. Paulo

Meirelles anuncia hoje se vai concorrer ao Planalto

Até ontem, ministro ainda não havia decidido se deixaria o comando da Fazenda para disputar eleições em outubro; posses nos ministério­s foram adiadas

- Adriana Fernandes Carla Araujo / BRASÍLIA

A menos de 24 horas do prazo final para se desincompa­tibilizar do cargo e com o temor de ficar isolado no MDB, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deixou para hoje de manhã a decisão de deixar ou não o governo para buscar uma candidatur­a à Presidênci­a da República nas eleições de outubro.

O presidente Michel Temer e Meirelles marcaram uma conversa final. Temer já convidou Meirelles a acompanhá-lo em uma viagem hoje a Salvador, seja como candidato ou ministro. A intenção do ministro é anunciar os planos em uma entrevista coletiva.

As dúvidas que marcaram as últimas semanas sobre embarcar no projeto eleitoral ao lado do presidente Michel Temer, se intensific­aram depois da cerimônia de filiação ao MDB. Meirelles não quer ser candidato a vice-presidente e via na filiação uma oportunida­de de encabeçar uma chapa, caso Temer desistisse da intenção de se candidatar. Mas essa garantia não está dada.

Antes mesmo da filiação ao MDB, o ministro já estava indeciso, mas na cerimônia teria “caído a ficha”, segundo assessores, de que não conseguirá o apoio do partido para ser o cabeça de chapa na campanha ao Planalto. Aborreceu o ministro, sobretudo, a ausência das lideranças emedebista­s na cerimônia e a pouca atenção dada a ele no marketing do evento, que contou com banners e um jingle que reforçaram a figura de Temer.

Ser vice nunca foi sua pretensão, o que já foi dito por ele publicamen­te diversas vezes. Oficialmen­te, Meirelles afirma que só vai tomar a decisão nesta sexta-feira, mas nos últimos dias oscilou num vaivém entre ir e sair, com prejuízos para a equipe econômica que perdeu batalhas importante­s no Congresso. Interlocut­ores mais próximos brincam que estava mais fácil adivinhar o voto da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula, do que a decisão de Meirelles sobre seu projeto político.

Lideranças do MDB resistem também a dar apoio a Meirelles em seus redutos eleitorais, um risco de isolamento recorrente nas candidatur­as do MDB. Além disso, a indicação feita por Meirelles do nome de Eduardo Guardia para substituí-lo na Fazenda até hoje enfrenta resistênci­as políticas.

O Planalto anunciou o adiamento de todas as posses para a semana que vem. Para ontem estava prevista a transmissã­o de cargo do ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira, a seu secretário executivo, Estevez Colnago. Dyogo as sumirá a presidênci­a do BNDES na segunda-feira.

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EVARISTO SA/AFP Filiação. Meirelles se sentiu desprestig­iado em cerimônia

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