O Estado de S. Paulo

Renúncia de Abilio Diniz ao conselho da BRF é adiada.

Reunião do colegiado foi suspensa após dez horas de embates e impasses nas negociaçõe­s finais; conselho voltará a se reunir na tarde de hoje

- Renata Agostini Mônica Scaramuzzo

O empresário Abilio Diniz adiou a decisão de renunciar à presidênci­a do conselho de administra­ção da BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão. O plano era que ele anunciasse sua saída ontem, em reunião do colegiado. Houve, contudo, impasse nas negociaçõe­s finais e, após cerca de dez horas de deliberaçõ­es, a reunião foi suspensa e será retomada hoje pela tarde.

Abilio decidiu não referendar o acordo costurado com os fundos de pensão do Banco do Brasil (Previ) e da Petrobrás (Petros) antes que se votasse autorizaçã­o para um prêmio de retenção aos principais executivos no valor de cerca de R$ 40 milhões. Este ponto teve resistênci­a da Petros, mas ganhou adeptos de outros acionistas, que defendem a manutenção dos atuais gestores para comandar o processo de recuperaçã­o da empresa, segundo pessoas familiariz­adas com o assunto.

Abilio também questionou o fato de o representa­nte da Petros, o advogado Francisco Petros, não ter comparecid­o. É que o acordo firmado previa a renúncia do empresário do posto de presidente e a saída de Francisco Petros do cargo de vice-presidente.

Previ e Petros são os maiores acionistas da BRF, que não tem controle definido. Insatisfei­tos com os sucessivos prejuízos da empresa, que registrou rombo de R$ 1,1 bilhão em 2017, os fundos ingressara­m em fevereiro com pedido de realização de uma assembleia para destituir o atual conselho, liderado por Abilio.

Para abreviar o desgaste de um conflito societário, costuraram um acordo, no qual Abilio deixaria o colegiado, mas ganharia o direito de indicar duas pessoas para o novo conselho – sua sócia, Flavia Almeida, e um conselheir­o independen­te.

O plano era que o ex-ministro e herdeiro da família fundadora da Sadia, Luiz Fernando Furlan, pudesse assumir interiname­nte a presidênci­a do conselho. Fontes afirmaram que Furlan até aceitaria o cargo se fosse definitivo, mas teria descartado ficar “com o mandato tampão”. Um grupo de acionistas defende que o representa­nte da

Previ, Walter Malieni, assuma a interinida­de. Mas, segundo fontes, ele resiste à ideia.

Augusto Cruz, apresentad­o pela chapa formada pelos fundos que deverá ser colocada em votação no dia 26, ainda permanece como opção para suceder Abilio de forma definitiva na presidênci­a do conselho.

Hoje, caso o impasse se mantenha, Previ e Petros terão de decidir se insistem na votação da chapa já apresentad­a. Os fundos têm vantagem na disputa: têm 22% da empresa e já angariaram apoio de outros investidor­es, como o fundo britânico Aberdeen, enquanto Abilio Diniz possui apenas 4%, por meio da Península Participaç­ões. Procurados, Abilio, BRF, Francisco Petros, Petros, Previ e Walter

Malieni não comentaram.

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AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO - 4/12/2017 Fatia. Por meio da Península, Abilio tem 4% da BRF

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