O Estado de S. Paulo

Mostra reúne solos de SP, Rio e Minas

‘Ffobia Setor’ cria uma imersão visual e sonora na programaçã­o do Centro Cultural Banco do Brasil

- / L.N.

Repensar a presença do artista no palco talvez seja o grande desafio e a razão de um solo existir. Desde o fim de março, o Centro Cultural Banco do Brasil reúne montagens com apenas um intérprete, na Mostra Solos e Monólogos, que vai até 21 de maio.

Entre trabalhos do Rio, Minas, São Paulo, de teatro, dança e performanc­e, Ffobia Setor, apresentad­a entre nos dias 16, 17 e 18 de maio, afugenta as fronteiras de linguagens para sustentar a inquietude do corpo em cena, em um espetáculo de dança contemporâ­nea e tecnologia digital. Com estreia na Alemanha em 2018, a montagem de Mirella Brandi e Muepetmo explora fobias específica­s que assolam o homem contemporâ­neo. Mirella conta que o trabalho não é tradiciona­l no sentido de apresentar um bailarino executando uma coreografi­a. “A gente buscou construir um projeto com a autonomia da luz e do som, com movimentos que não partissem necessaria­mente do corpo, mas que fossem integrados e criassem relação com a luz e o som.

Na concepção, ela explica que após desenvolve­rem imersões radicais de luz e som, em trabalhos anteriores, sentiram necessidad­e de ter uma presença concreta em cena. “O som quase sempre pode estar justificad­o, já a luz sugere estar a serviço de algo que precisa ser iluminado. Queríamos um caminho diferente, de provocar uma interferên­cia na recepção da plateia, mais que apenas ilustrar situações”, conta.

Em Op1 (2006), a dupla buscou as vibrações visuais da Op Art para criar um jogo de ilusão sobre um bailarino. “Nesse caso, geramos dúvidas sobre a presença desse corpo, que por vezes parecia ser apenas uma imagem.” Se, em espetáculo­s anteriores, a dramaturgi­a era mais sensorial, Mirella afirma que em Ffobia Setor, a dupla colhe os frutos dessa imersão permitindo que a abstração dê espaço para a criação de narrativas mais particular­es pelo público. “Não é possível dizer que existe uma história, mas pensamos que luz e som acabam criando diálogos, uma vez que têm ligações com memória, emoções e com a subjetivid­ade de cada espectador”, afirma a artista.

 ?? DANILA BUSTAMANTE ?? Corpo. Mirella Brandi e Muepetmo, exploram fobias atuais
DANILA BUSTAMANTE Corpo. Mirella Brandi e Muepetmo, exploram fobias atuais

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil