O Estado de S. Paulo

Roberto Godoy

- Roberto Godoy

As Forças Armadas acompanham discretame­nte a mobilizaçã­o do PT em São Bernardo e infiltrara­m agentes em meio à militância.

As Forças Armadas acompanham discretame­nte a mobilizaçã­o do PT em São Bernardo do Campo. Os serviços de inteligênc­ia reconhecem que infiltrara­m agentes em meio à militância, e que mantém vigilância nas redes sociais. E é só. A possibilid­ade de um confronto entre os apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os grupos opositores – ou com a polícia –, é considerad­a pelos militares “um evento perfeitame­nte controláve­l pelas organizaçõ­es estaduais de segurança em São Paulo e no Paraná”.

Desde as 13h de ontem havia pouco menos de 1,1 mil policiais prontos para entrar em ação em Curitiba. Pouco menos de 300 deles foram para as ruas, reforçar o esquema normal de controle. Os demais permanecer­am nas sedes dos batalhões. Em pontos elevados, coberturas de edifícios e teto de torres, havia atiradores de elite com a missão de observar a área próxima da 13.ª Vara Federal, onde trabalha o juiz Sérgio Moro e que foi palco de manifestaç­ões o dia todo. À tarde, um time do Choque da PM foi deslocado para São Bernardo em ação definida como “preventiva”.

No comando do Exército, o fator de preocupaçã­o é o Movimento dos Sem-Terra. De acordo com uma análise interna a que o Estado teve acesso, o MST – que ontem bloqueou estradas federais –, está presente em 25 Estados e tem defensores da opção pela luta armada no campo desde 1998. O número real de integrante­s é desconheci­do. O principal dirigente, o economista gaúcho João Pedro Stedile, afirma que são 23 milhões, um evidente exagero. No encontro anual de 2016, a Coordenaçã­o Nacional estimava os participan­tes ativos em 120 mil. Nessa conta estariam incluídas todas as famílias de agricultor­es assentados em terras redistribu­ídas por meio dos programas da reforma agrária. O movimento, surgido há cerca de 40 anos e organizado a partir da criação formal, em 1984, segue um esquema de ordenação em dois blocos – o dos núcleos, com 500 pessoas, e o das brigadas, com 500 famílias – cada uma delas em média com cinco pessoas. Gradualmen­te, o MST ganha consistênc­ia. Os assentamen­tos tem escolas, centros de treinament­o e de doutrinaçã­o. Cada agricultor paga uma espécie de contribuiç­ão a contar do momento em que comerciali­za os produtos de sua lavoura.

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