O Estado de S. Paulo

EUA punem milionário­s amigos de Putin

Além do círculo íntimo do presidente russo, sanções afetam oligarcas mais ricos do país

- WASHINGTON

Os EUA impuseram ontem novas sanções a 7 dos homens mais ricos da Rússia e a 17 altos funcionári­os do governo russo, em uma tentativa de punir o grupo mais próximo do presidente Vladimir Putin pela interferên­cia do país nas eleições americanas de 2016.

O magnata do alumínio, Oleg Deripaska, descrito como operador do governo russo, e Alexei Miller, diretor da estatal de energia Gazprom, estão na lista. Entre os 17 funcionári­os do Kremlin aparecem o chefe do banco estatal VTB, Andrei Kostin, o ministro do Interior, Vladimir Kolokoltse­v, o chefe da Guarda Nacional, Viktor Zolotov, e o secretário-geral do Conselho de Segurança, Nikolai Patrouchev.

Ainda ontem, Moscou reagiu às sanções e disse que responderá “de forma dura”. “Não deixaremos esse ataque ou qualquer outro sem uma resposta”, afirmou a chancelari­a russa, em nota, mas sem detalhar que ações poderá tomar.

As sanções dos EUA pretendem ainda castigar alguns dos industriai­s mais ricos da Rússia, vistos no Ocidente como os principais responsáve­is pelo enriquecim­ento do país e do governo. Seria uma maneira de castigar Putin por meio dos bolsos dos oligarcas que o apoiam, sem punir a sociedade russa.

A ação congela os ativos dos chamados oligarcas e impede que quaisquer entidades ou indivíduos americanos façam negócios com os russos ou com suas empresas. Também impede indivíduos estrangeir­os de facilitar transações em nome dos sancionado­s.

“O governo russo opera para o benefício desproporc­ional de oligarcas e elites”, disse o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin. “Os oligarcas e a elite russa, que lucram com esse sistema corrupto, não ficarão mais impunes das atividades desestabil­izadoras de seu governo.”

As medidas foram recebidas com surpresa nos EUA, em razão da posição por vezes contraditó­ria do governo americano em relação à Rússia. Enquanto

o presidente Donald Trump alardeia uma tentativa de se aproximar de Putin e estabelece­r boas relações com o Kremlin, o Congresso e parte do próprio governo promovem esforços cada vez mais consistent­es para punir Moscou.

As medidas só foram possíveis em razão de uma legislação aprovada pelo Congresso, no ano passado, destinada a limitar a capacidade de Trump de suspender as sanções já impostas à Rússia. Congressis­tas de ambos os partidos temiam que o presidente suspendess­e as sanções impostas pelo presidente Barack Obama ao buscar relações mais próximas com Moscou, como prometido durante sua campanha.

O governo Trump se opôs à legislação, mas se viu obrigado a aceitá-la depois da aprovação por ampla maioria. Um dos itens da lei determinav­a que o governo criasse uma lista de oligarcas russos. Essa foi a relação usada para determinar a punição de ontem.

Azedou. A relação entre EUA e Rússia atingiu seu pior momento desde a Guerra Fria. A lista de sanções só vai piorar o cenário. Nesta semana, 60 diplomatas americanos deixaram a Rússia como parte de uma série de expulsões que se seguiram ao envenename­nto do ex-espião russo Serguei Skripal, e sua filha, Yulia, no Reino Unido.

O envenename­nto de Skripal em solo britânico fez com que cerca de 20 países, incluindo muitos integrante­s da União Europeia, expulsasse­m mais de 100 diplomatas russos e oficiais de inteligênc­ia, a maior ação diplomátic­a coordenada contra a Rússia em todos os tempos.

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ALEXEY NIKOLSKY/AFP - 22/12/2017 Compadrio. Putin conversa com seu colega Alexei Dyumin (E), governador da região de Tula, em 2017, durante uma partida de hóquei no gelo

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