O Estado de S. Paulo

Saída visa a ‘alinhament­o’, diz Doria

Tucano, agora ex-prefeito, disse entender críticos da sua renúncia e ressaltou importânci­a da sintonia entre Prefeitura e Estado

- Bruno Ribeiro

Em seu último dia como prefeito de São Paulo, João Doria disse que “entende” e “respeita” os eleitores que “desaprovam” sua saída da Prefeitura para concorrer ao cargo de governador do Estado, e justificou sua decisão como sendo “fundamenta­l” para garantir o alinhament­o entre o Município e o Estado. Em sua última coletiva, já após enviar a carta de renúncia à Câmara Municipal, ele cobrou apoio eleitoral de Geraldo Alckmin (PSDB), que também deixou o cargo ontem e tem como vice outro pré-candidato ao governo, Márcio França (PSB).

Doria afirmou que entende e respeita o sentimento de parte da população que desaprova sua decisão de deixar o governo após cumprir 15 dos 48 meses de seu mandato. Em um vídeo de oito minutos, apresentad­o a jornalista­s ontem e que seria divulgado em suas redes sociais, o prefeito apresentou seu balanço de 15 meses de mandato.

“Entendo e respeito o sentimento de quem desaprova minha saída da Prefeitura. Aliás, foi uma decisão muito difícil. Mas tenho de dizer que é fundamenta­l que a Prefeitura e o governo do Estado de São Paulo estejam alinhados, trabalhand­o juntos, de forma integrada”, afirmou. O vídeo foi encerrado com o gesto e a frase “acelera, São Paulo”, que Doria estava proibido de fazer enquanto prefeito por um entendimen­to do Ministério Público, aceito pela Justiça, de que a ação tinha como fim sua promoção pessoal.

Doria também cobrou apoio político de Alckmin. “Ele já expressou várias vezes que o candidato dele é o candidato do PSDB. E nós somos o candidato do PSDB, eleito por prévias”, afirmou, ao destacar que obteve 80% dos votos durante as prévias partidária­s, em março. “Com todo o respeito ao governador Geraldo Alckmin e a aquilo que ele pensa e opina, nós vamos fazer uma campanha para ganhar as eleições. E vamos ganhar do atual governador, Márcio França.” E continuou: “Vamos trabalhar para vencer as eleições, conquistar e preservar o legado do PSDB de Geraldo Alckmin, José Serra, Mario Covas e de Franco Montoro”.

A afirmação se deu após questionam­ento feito a Doria sobre entrevista dada ontem por Alckmin, à Rádio CBN, em que o agora ex-governador não se posicionou quanto questionad­o se apoiaria França ou Doria e afirmou que um ano de mandato era pouco para fazer avaliações. Transição. Doria fez uma reunião fechada com seu primeiro escalão em que assinou a carta de renúncia, entregue ao presidente da Câmara, Milton Leite, às 16 horas de ontem. Em seguida, convocou jornalista­s para sua última entrevista coletiva e para apresentar o vídeo com seu balanço. O vídeo apresentou a versão do prefeito para alguns dos indicadore­s de políticas públicas da cidade.

Leite, presente na coletiva, afirmou que iria esperar o anúncio dos novos nomes no secretaria­do municipal antes de avaliar possíveis mudanças na relação entre o Legislativ­o municipal e a Prefeitura. Doria encerrou a entrevista fazendo críticas à cobertura de sua gestão feita pela imprensa. Afirmou que em alguns momentos a mídia foi injusta com ele e cobrou que jornalista­s reconheces­sem seus erros. “É bom que pelo menos uma parte da mídia brasileira faça um pouco da reavaliaçã­o e tenha consciênci­a de que também pode errar.”

“É fundamenta­l que a Prefeitura e o governo do Estado de São Paulo estejam alinhados, trabalhand­o juntos.” João Doria

EX-PREFEITO DE SÃO PAULO

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CHARLES SHOLL/RAW IMAGE Apoio. Doria fez apelo por auxílio de Geraldo Alckmin: ‘Nós somos o candidato do PSDB’

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