O Estado de S. Paulo

Russo faz no Brasil sua preparação

Quarto lugar no Rio-2016, Konstantin Semenov competiu no País e treinou com os melhores do mundo no retorno à areia

- Paulo Favero

Quarto lugar nos Jogos Olímpicos do Rio no vôlei de praia, o russo Konstantin Semenov decidiu largar a areia e atuar na quadra para ficar mais perto da família. Só que acabou não ficando feliz com esse caminho e decidiu no ano passado retornar à modalidade que o fez ganhar fama. Para adquirir ritmo novamente, optou por vir ao Brasil, um país tropical, para treinar e enfrentar os melhores rivais.

“Escolhemos o Brasil porque o clima ajuda, aqui é sempre sol e calor, e já conhecia o trabalho do técnico Adriano Ticão, que morou cinco anos na Califórnia e trabalhou com várias duplas de lá. Arrisquei uma nova oportunida­de e não me arrependo”, explicou Semenov. “Outro ponto é que na Rússia eu tive muitas lesões, principalm­ente quando atuei na quadra. Então, achei que no Brasil seria melhor para meu corpo”, comentou.

Para viabilizar essa empreitada, Semenov entrou em contato com Ticão, técnico conhecido do vôlei de praia e que já trabalhou com atletas do Azerbaijão e Estados Unidos. “Meu contato com os russos vem desde 2016, quando o pessoal da categoria de base me convidou para fazer um camp no Brasil, em João Pessoa, com a seleção sub19. Eles gostaram do meu trabalho e o Semenov ficou sabendo disso. Ele entrou em contato para fazer um período de treinament­o no Brasil”, disse Ticão.

Semenov disputou duas etapas do Circuito Brasileiro de vôlei de praia neste ano, em Fortaleza e Maceió. Sente-se em casa. Teve de passar pela fase qualificat­ória e enfrentou boas duplas ao lado de seu compatriot­a Ilya Leshukov. “Mesmo tendo duas olimpíadas no currículo, esse foi um período em que mais aprendi coisas novas. Treinei com Álvaro e Saymon, depois com Alison e Bruno, que são campeões olímpicos, e eles me deram toda assistênci­a.”

Depois da etapa de Maceió, Semenov resolveu participar do Red Bull 4 por 4, um torneio organizado por Alison e Bruno, em Vila Velha, no Espírito Santo, com a participaç­ão de 300 atletas. Os russos decidiram alugar um carro e pegar estrada entre a capital de Alagoas e a cidade capixaba. “Foi uma aventura”, revelou Ticão. “Eu e o Semenov revezamos na direção. Ficamos uma noite em Salvador, comemos acarajé, os russos conheceram a cidade, se amarraram de viajar pelo Brasil. Isso também ajudou na nossa parceria.”

Após esse longo período de treinament­os e competiçõe­s no Brasil, Semenov retornou nesta semana para sua casa. Na bagagem, garante que só terá boas recordaçõe­s. “Foi ótimo, vou chegar na Rússia falando ‘obrigado’ e muitas outras palavras em português. Foi uma experiênci­a incrível e pretendo retornar. O gasto financeiro é maior, claro, mas vale mais a pena do que ficar só na Rússia.”

Para o experiente Ticão, o russo está pronto para brilhar novamente na areia. “A dupla está bem preparada para o Circuito Mundial. Fizemos um bom trabalho aqui e para mim foi uma inspiração treinar um jogador olímpico de outro país pela primeira vez”, comentou.

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MARCELO MARAGNI/RED BULL-25/3/2018 Na areia. Semenov durante treinament­o em Vila Velha

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