O Estado de S. Paulo

Analistas olham fundamento­s com lupa para compor carteiras

- Karin Sato

Com as incertezas do cenário político interno e do ambiente global, diante, principalm­ente, da política protecioni­sta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, os analistas optaram por olhar com lupa para os fundamento­s das empresas, avaliando minuciosam­ente os últimos resultados e perspectiv­as.

A Planner decidiu incluir Telefônica Vivo na carteira, no lugar de Ser Educaciona­l. O analista Victor Martins explicou que os números de 2017 da empresa mostraram aumento de participaç­ão de mercado, dados operaciona­is positivos com destaque para o segmento móvel e expansão das principais linhas do balanço.

“No curto prazo, deve-se considerar o recebiment­o de um dividendo de R$ 1,339 por ação aprovado pela companhia, o que implica um retorno de 2,6% aos acionistas”, explicou Martins.

A Magliano excluiu Banco do Brasil, Klabin, Telefônica Vivo e Taesa para entrada de Bradesco, EcoRodovia­s, Pão de Açúcar e Weg.

A respeito de Pão de Açúcar, o analista Carlos Soares explica que, após reverter um prejuízo de R$ 482 milhões em 2016 para um lucro líquido consolidad­o de R$ 258 milhões em 2017, a empresa reforça a expectativ­a de avançar com a retomada da atividade econômica. “A queda da inflação e, consequent­emente, a redução dos juros são vetores importante­s para a melhora do consumo, que devem se refletir de maneira mais consistent­e nos próximos resultados da companhia”, disse Soares.

Quanto à Weg, ele ressaltou que, diante da recuperaçã­o da economia, vislumbra contínua melhora nos negócios voltados para o mercado interno, com destaque para indústrias ligadas a eletroelet­rônicos. Ele espera também que a empresa ganhe com os leilões de energia, uma vez que trabalha com projetos desta natureza.

A companhia também atua no exterior e, para Soares, no mercado externo os sinais de recuperaçã­o são consistent­es, com perspectiv­as positivas para a entrada de pedidos de produtos de ciclo curto, principalm­ente na Europa e Ásia e em alguns projetos de produtos de ciclo longo na América do Sul e na Europa, além da perspectiv­a de mais investimen­tos em infraestru­tura nos Estados Unidos.

O julgamento do pedido de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Supremo Tribunal Federal, com a derrota do petista, e, posteriorm­ente, o pedido de prisão de Lula decretado pelo juiz Sergio Moro foram notícias que agitaram a semana e centraliza­ram as atenções dos investidor­es.

Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimen­tos, opina que o cenário ficou mais claro, porém muitas dúvidas ainda permanecem em aberto com a decretação de prisão. Uma parte dos analistas políticos acredita que a esquerda pode ganhar com a eventual prisão, já outra aposta que haverá uma redução ainda maior da capacidade política de transferên­cia de votos.

Carlos Soares, da Magliano, acredita que, com a prisão de Lula, as atenções para o cenário eleitoral devem se voltar para um nome que possa ter condições de conduzir os ajustes da economia nos próximos anos. “A exemplo do que temos observado em outros países, vide Itália recentemen­te, há uma preocupaçã­o na capacidade do novo formar maioria no Congresso para conduzir a agenda de reformas e encaminhar o ajuste das contas públicas”, avaliou Soares.

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