O Estado de S. Paulo

Agricultor que elegeu Trump sai prejudicad­o

Produtores de soja votaram no republican­o, mas podem ser afetados por guerra comercial

- Caitlin Dewey THE WASHINGTON POST

Bret Davis votou em Donald Trump em 2016, como muitos dos seus colegas agricultor­es de Ohio. Mas como a guerra comercial com a China ameaça as exportaçõe­s americanas, Gordon teme que sua fazenda, já na quinta geração, possa ser afetada.

A fazenda, onde ele e seu genro possuem uma plantação de soja, milho e trigo, que abrange mais de 520 hectares, poderá não fazer frente à queda dos preços por um longo tempo, o que pode ocorrer com essa guerra comercial. E, embora defenda o objetivo do presidente de tornar o comércio exterior mais equilibrad­o, ele está cada vez mais preocupado que a estratégia adotada por Trump prejudique os americanos da zona rural que o ajudaram na eleição.

Os condados produtores de soja votaram em Trump por uma margem de mais de 12 pontos porcentuai­s, segundo análise do Washington Post. Mas, na quarta-feira, Davis e milhares de agricultor­es receberam a notícia de que a China havia imposto tarifas retaliatór­ias sobre a soja, o milho e outras colheitas no âmbito da guerra comercial lançada pelo presidente.

“A maneira como ele está conduzindo isso não é a que adotaríamo­s”, disse Davis. “Primeiro, iríamos negociar, e não apenas impor tarifas. Mas o modo de Trump lidar com as coisas é colocar em prática o que deseja para depois conversar a respeito. Isso funciona em alguns casos”, acrescento­u. Como muitos agricultor­es que cultivam soja em larga escala, a empresa de Davis depende muito dos mercados externos. A China compra 60% de todas as exportaçõe­s de soja dos Estados Unidos, para alimentar suas criações de porcos, peixes e frangos.

A forte demanda tornou a soja uma fonte de lucro para os agricultor­es numa época em que os preços de muitos outros plantios estão em queda. Mas as tarifas agressivas estabeleci­das por Trump contra produtos chineses com o fim de proteger a propriedad­e intelectua­l e o setor de manufatura dos Estados Unidos provocaram ações de retaliação que ameaçam a lucrativid­ade dos agricultor­es.

Na fazenda de Bill Gordon, a sudoeste de Minnesota, as inquietaçõ­es são similares. Gordon planta milho e soja. Como o milho não dá lucro, a soja era sua “estrela guia”. Mas a queda de 40 centavos de dólar no preço aniquilou suas margens.

Negociação “Primeiro iríamos negociar, e não apenas impor tarifas. Mas o modo de Trump lidar com as coisas é colocar em prática o que deseja para depois conversar a respeito.” Bret Davis AGRICULTOR DE OHIO

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RYAN DONNELL/NYT - 22/11/2015 Fogo amigo. Fazenda produtora de soja nos EUA, agora ameaçada pela guerra comercial

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