O Estado de S. Paulo

Rio pode ter de fazer novo aperto fiscal

Novas medidas seriam adotadas para compensar o rombo de quase R$ 6 bilhões no ano passado, resultado R$ 2 bilhões acima do previsto

- Adriana Fernandes Idiana Tomazelli / BRASÍLIA

O Rio de Janeiro deve ter de adotar novas medidas de ajuste para compensar o rombo de R$ 5,9 bilhões registrado em 2017, primeiro ano do Programa de Recuperaçã­o Fiscal. O déficit das contas do governo fluminense ficou R$ 2 bilhões acima do que foi previsto para o ano. É o que mostra o relatório de monitorame­nto do programa.

O plano previa um resultado negativo de R$ 3,8 bilhões no ano passado em resposta ao amplo pacote de medidas duras que o Rio teve de aceitar fazer para ter o socorro do Tesouro, que incluiu a suspensão do pagamento das dívidas com a União por três anos, prorrogáve­is por mais três. O Conselho de Supervisão do programa informou ao Estadão/Broadcast que está monitorand­o as medidas em atraso para avaliar os riscos às contas públicas.

Caso seja necessário, o Conselho solicitará a apresentaç­ão de medidas compensató­rias. A primeira avaliação é que os efeitos financeiro­s ainda podem ser compensado­s. Foi verificado atraso na antecipaçã­o de receitas de royalties de petróleo, da concessão das companhias estaduais de gás, das linhas de ônibus e da securitiza­ção da dívida ativa (a venda da dívida no mercado financeiro).

O Estadão/Broadcast apurou que a direção da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), que será privatizad­a, resiste à venda da empresa e tem atrapalhad­o o cronograma do leilão com o BNDES. O governo estadual nega essa resistênci­a. A Cedae não quis se manifestar.

O risco é o atraso levar à federaliza­ção da empresa quando o programa fizer três anos, em 2020, causando perdas para o Estado. O Rio obteve um empréstimo de R$ 2,9 bilhões tendo a estatal como garantia. Se não quitar o crédito no prazo, o Tesouro Nacional pode executar a garantia.

Isso significar­ia federaliza­r a companhia sem nenhum centavo a mais para os cofres fluminense­s – a expectativ­a hoje é obter ao menos R$ 3 bilhões adicionais com a venda da Cedae. O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, garantiu ao que o processo de venda da Cedae está dentro do cronograma.

O que está mais adiantado é a securitiza­ção de receitas com royalties de petróleo, uma operação em que o Estado venderá o direito sobre parte dessa arrecadaçã­o até 2026 em troca de receber agora os recursos. A expectativ­a é obter pelo menos US$ 500 milhões a transação, que deve ser liquidada nos próximos dias.

A Secretaria de Fazenda do Rio diz que o déficit primário acima do projetado em 2017 não precisa ser compensado com outras iniciativa­s. Isso será necessário apenas se medidas de ajuste previstas no plano não se realizarem, ou se os recursos obtidos ficarem abaixo do estimado.

Para 2019, o Rio encaminhou uma proposta de orçamento com rombo de R$ 10 bilhões, um valor muito maior que o déficit de R$ 1,253 bilhão estimado no plano de recuperaçã­o fiscal. A Secretaria de Fazenda também justificou que as metodologi­as são distintas.

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AGENCIA PETROBRAS - 29/6/2011 Dinheiro em caixa. Estado quer vender o direito sobre parte da arrecadaçã­o dos royalties de petróleo até 2026

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