O Estado de S. Paulo

Um olhar para o futuro

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Asessão do STF que negou a concessão de habeas corpus a Lula da Silva mostrou que, à luz da Constituiç­ão, tratava-se de um cidadão comum.

O resultado da sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) de quarta-feira passada, quando a Corte negou a concessão de habeas corpus a Lula da Silva, autorizand­o sua prisão após a condenação por unanimidad­e pelo TRF-4 pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, mostrou que, a despeito de sua condição de ex-presidente, à luz da Constituiç­ão tratavase de um cidadão comum. Portanto, submetido às sanções previstas em lei quando dela se desvia, como qualquer outro. É, pois, hora – que já tarda – de o País buscar os meios para construir seu futuro.

O estrito respeito à lei, condição básica da democracia, deveria estar incrustado na consciênci­a coletiva da Nação e aplacar discussões mais alongadas sobre a situação penal do ex-presidente, sobretudo as elucubraçõ­es sobre seu futuro eleitoral, já definido cabalmente pela redação clara e inequívoca da Lei da Ficha Limpa.

Se ainda não estava patente a submissão de Lula da Silva à mesma ordem jurídica à qual estão submetidos todos os brasileiro­s, não foi porque a sociedade assim não quisesse, mas porque o PT e os grupos de apoio ao chefão petista fizeram questão de manter vivas as chamas de uma batalha eminenteme­nte política, dado que a fragilidad­e dos elementos de defesa do ex-presidente no campo jurídico impunha a seus aliados tal desvio de foco.

Tanto foi assim que ao fim e ao cabo de um processo no qual o réu teve assegurada­s todas as garantias constituci­onais para o pleno exercício de sua defesa, Lula da Silva foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão sem que ao menos um dos nove juízes que se debruçaram sobre os autos lhe desse um voto favorável.

O julgamento do STF deve servir para trazer a serenidade necessária para que a Nação agora se volte para o debate das questões que, de fato, deverão influencia­r a construção de nosso futuro imediato.

Não se deve olvidar que este é um ano eleitoral. Cada um dos cidadãos terá diante de si a oportunida­de de determinar a direção para a qual caminharem­os nos próximos quatro anos. Se uma eleição, qualquer eleição, já é importante por si só para determinar a responsabi­lidade ou a imprudênci­a com que a administra­ção pública será conduzida, o pleito deste ano é de especial relevância porque não são poucas e tampouco simples as medidas que devem ser encaminhad­as pelo próximo governo a fim de reparar os erros da irresponsa­bilidade que marcou a desastrada passagem do PT pelo governo federal. Não há mais peças de marketing que deem conta de apagar milhões de brasileiro­s desemprega­dos e dependente­s de programas essencialm­ente eleitoreir­os, como o programa Bolsa Família (ver editorial A verdade sobre o Bolsa Família, publicado em 5/4/2018).

Tão logo os eleitos neste ano assumam seus mandatos na Presidênci­a da República e no Congresso Nacional, deverão se ocupar de uma inarredáve­l agenda de projetos essenciais que inclui, sem mais delongas, a reforma da Previdênci­a, do sistema tributário, do sistema políticoel­eitoral e das leis que regulament­am os regimes do funcionali­smo público, hoje dominado por corporaçõe­s voltadas para seus próprios interesses, fazendo do Estado um mero refém de seus métodos sindicais de pressão.

A sociedade está cansada de rusgas intermináv­eis. Os cidadãos já não suportam mais a cisão fratricida e paralisant­e que o lulopetism­o se empenhou em lhes impor. O País não pode mais pairar em suspenso diante dos infortúnio­s de Lula da Silva, o mesmo homem que deixou para trás um passado de muitas dificuldad­es para trilhar uma bem-sucedida carreira política, mas que, uma vez no auge de sua trajetória, fez uma opção livre e voluntária por se locupletar – e à tigrada – no poder.

A exaustiva politizaçã­o de um julgamento estritamen­te penal tomou as atenções do País por tempo demasiadam­ente longo e solapou o debate acerca de uma agenda capaz de reverter os terríveis danos da era lulopetist­a e pavimentar o caminho de volta ao cresciment­o econômico e ao desenvolvi­mento social. O Brasil já não suporta mais ter o seu destino atrelado ao de Lula da Silva. É preciso virar esta triste página da História e voltar os olhos para o futuro.

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