O Estado de S. Paulo

S e gunda t e ntati v a do tucanoé bem mais complexa e difícil

- Marco Antonio Carvalho Teixeira

Geraldo Alckmin deixou o Palácio dos Bandeirant­es em busca do seu maior objetivo político: tornar-se presidente da República, algo que já havia tentado durante a eleição presidenci­al de 2006. Todavia, essa segunda tentativa é bem mais complexa e difícil que a primeira por diversas razões. Trago aqui duas delas.

A primeira é que o PSDB, além de sofrer defecções decorrente­s de contendas internas no Estado de São Paulo, vem perdendo força política em Minas Gerais como consequênc­ia dos processos enfrentado­s pelo senador Aécio Neves. São Paulo e Minas Gerais são os dois maiores colégios eleitorais do País e onde os tucanos compensava­m suas desvantage­ns de votos em outras regiões. Perder apelo eleitoral nesses dois Estados pode tornar inviável qualquer candidatur­a tucana uma vez que o partido não avançou eleitoralm­ente em outros território­s.

A segunda razão advém da avaliação dos paulistas acerca do desempenho de Alckmin à frente do governo estadual quando se comparam os dois períodos. Em abril, quando se desincompa­tibilizou para ser candidato ao Palácio do Planalto, segundo o instituto Datafolha, Geraldo Alckmin tinha 66% de aprovação (bom ou ótimo). Em dezembro de 2017, segundo o mesmo instituto, os índices de bom ótimo de avaliação da gestão tucana ficaram em 34%.

A queda de aprovação nas hostes paulista pode ajudar a entender o resultado da pesquisa nacional do Barômetro Político Estadão-Ipsos de fevereiro de 2018. Quando os entrevista­dos foram questionad­os se “aprovam ou desaprovam a maneira como eles – os políticos – vêm atuando no País”, sobre Geraldo Alckmin 68% disseram reprovar totalmente ou um pouco e apenas 20% afirmaram aprovar totalmente ou um pouco.

Apesar de ter potencial para avançar no eleitorado de centro no espectro político, os desafios de Alckmin são enormes e difíceis. Todavia, começam por tentar pacificar seu partido e aliados em São Paulo, algo difícil e que ainda guarda relação com eleição municipal de 2016 e com as movimentaç­ões políticas de João Doria – que de aliado de primeira hora acabou se transforma­ndo num grande enigma quando se trata de projetos políticos de Alckmin no PSDB.

CIENTISTA POLÍTICO, PROFESSOR E COORDENADO­R DO CURSO DE ADMINISTRA­ÇÃO PÚBLICA DA FGV-SP

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