O Estado de S. Paulo

GAROTO CHEGOU A SER MEDICADO

-

Alíder de limpeza Luzia Ribeiro dos Santos, de 39 anos, frequentou reuniões semanais na escola do filho durante anos para tratar de questões de indiscipli­na até descobrir que ele tem altas habilidade­s. O garoto, hoje com 15 anos, chegou a ser diagnostic­ado com transtorno de comportame­nto por um psiquiatra de um hospital público e a tomar remédios de faixa-preta.

Também foi confundido com uma criança com hiperativi­dade – problema apontado no relatório do MEC. Desde os 6 anos, entra em atrito com colegas e até mesmo com professore­s. “Ele era muito agitado e até um pouco agressivo”, relata Luzia. Até um abaixo-assinado foi feito contra o menino. “Achavam que era falta de disciplina, um problema de família.”

Por sugestão da escola municipal onde estudava, a mãe procurou a Associação Paulista para Altas Habilidade­s/Superdotaç­ão para realizar testes para identifica­r superdotaç­ão – processo que só se efetivou quando o garoto já tinha 7 anos. No entanto, mesmo com o diagnóstic­o, diz ela, o colégio não mudou a abordagem. “Não havia profission­ais preparados para trabalhar com ele.”

O problema na escola se estendeu até o último ano do ensino fundamenta­l. E continua até hoje, com o adolescent­e já matriculad­o em uma escola estadual no extremo sul da capital paulistana, onde cursa o ensino médio. “Não tem nenhum apoio. Ele só está lá porque não posso deixálo fora da escola. Se pudesse, o deixaria nas mãos de pessoas realmente preparadas.”

Luzia afirma que entregou todos os laudos do filho no início de 2017. Procurada, a Secretaria Estadual da Educação diz que não recebeu o documento. A pasta e a Secretaria Municipal de Educação informaram que não receberam o laudo que identifica altas habilidade­s no aluno. A entrega do documento não é obrigatóri­a por lei.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil