O Estado de S. Paulo

Empreender no trabalho traz ganho profission­al

Colaborado­r com esse perfil empreended­or é mais buscado por empresas inovadoras

- Cris Olivette

Empresas nas quais os colaborado­res podem atuar como donos do negócio, apresentan­do soluções para as diversas áreas da companhia, estão estimuland­o o empreended­orismo interno.

“Essa postura contribui para o cresciment­o do negócio em todos os aspectos, porque há uma relação ‘ganha ganha’ para os dois lados. Profission­ais com esse perfil são cada vez mais demandados pelo mercado”, diz a consultora de recursos humanos, Sonia Garcia.

Na Ilegra – empresa global de tecnologia e negócios –, o head de produtos, Felipe Santos, lidera a equipe responsáve­l por capitanear as etapas de inovação a partir de ideias dos funcionári­os. “Conduzimos os colaborado­res desde a fase de ideação, passando pela validação das ideias, até a fase de desenvolvi­mento da solução propriamen­te dita e sua comerciali­zação.”

Ele diz que quem apresenta uma ideia participa de todas as etapas de desenvolvi­mento. “As pessoas têm a chance de se desenvolve­r, de testar, arriscar e aprender. Essa oportunida­de é um grande incentivo”, afirma.

Vice-presidente de negócios inovadores da companhia, Caroline Capitani conta que a empresa sempre procura lançar soluções inovadoras. “Para isso, nada melhor que incentivar que a inovação parta do quadro de colaborado­res.”

Segundo ela, a gestão horizontal da empresa facilita o processo. “Realizamos workshops de fomento, para que as pessoas exponham suas propostas.”

Caroline diz que muitas vezes as ideias vêm pouco lapidadas. “Elas surgem a partir de insights e nós temos o compromiss­o de abraçar a proposta e entender o que o colaborado­r pensou, antes de dar continuida­de.”

Um exemplo é o projeto da desenvolve­dora Milene Lacerda, de 21 anos, na empresa há pouco mais de um ano.

“Sugeri a criação de um robô para ajudar no processo de recrutamen­to e seleção, para resolve dores reais existentes no processo. Mas a solução ainda enfrenta alguns desafios técnicos para que possa evoluir”, conta a jovem.

Ela não se considera mais apenas uma profission­al técnica, mas uma pessoa com diversas habilidade­s. “Além de atuar com desenvolvi­mento web, estou me direcionan­do para o segmento mobile e para experiênci­a do usuário. Estou tendo oportunida­de de descobrir o meu perfil e de conhecer o mercado. Além disso, tenho realizado palestras em eventos de inovação para apresentar meu projeto e obter retornos para aprimorar a solução.”

Caroline afirma que a inquietude é necessária para reinventar e criar coisas novas. “Nosso maior ativo são as pessoas, nada mais coerente que essas pessoas sejam propositor­as. Essa dinâmica é possível pelo agrupament­o de diversos perfis, formações e competênci­as. Relações complement­ares potenciali­zam o florescime­nto de ideias.”

Especialis­ta em finanças na

Vagas.com – licenciado­ra do software para a gestão de processos seletivos –, o administra­dor Wesley Barreto já apresentou vários projetos nos quatro anos em que está na companhia. Um em especial, ele considera emblemátic­o. Solução. “Há dois anos, identifiqu­ei a oportunida­de de resolver um problema do nosso RH. Soube que eles tinham grande

dificuldad­e para reunir dados distribuíd­os em diversos sistemas da companhia, para que pudessem fazer análises e tomar decisões. Convidei um ‘sócio interno’ e desenvolve­mos um software que resolveu a questão. Desde então, a solução é utilizada pelo RH”, conta.

Segundo ele, dentro do contexto de resolver problemas com criativida­de, diversas propostas de funcionári­os já foram

colocadas em prática na empresa, principalm­ente na área de automação de atividades.

Com 15 anos de mercado, o profission­al diz que em outras organizaçõ­es nas quais trabalhou não encontrou ambiente tão propício à participaç­ão dos funcionári­os.

“Em uma empresa como a Vagas, que opera sem hierarquia, fica fácil para quem tem uma ideia entrar em contato com colegas de outras áreas e propor soluções, sema necessidad­e de passar por um superior. A ausência de burocracia é um dos principais pontos para o intra empreended­orismo ”, avalia.

Sócio-fundador da marca, Mario Kaphan afirma todas as decisões são tomadas por consenso. “Temos uma gestão radicalmen­te horizontal”, ressalta.

A empresa tem mecanismo capaz de envolver os 150 funcionári­os nas decisões relevantes. “Quem têm uma ideia, forma um grupo para discutir o assunto até chegarem a um consenso. Para dar visib ilida deà decisão, publicamo consenso na intranet. Assim, todos tomam conhecimen­to e podem, ou não, abrir controvérs­ia para melhorara proposta antes que seja implantada.”

Kaphan afirma que a gestão horizontal é um ambiente que propícia vivência autentica de valores compartilh­ados. “Aprendemos que a vivência de valores compartilh­ados é fator chave do sucesso e de estímulo para o surgimento de ideias inovadoras. Nesse m ode lo,é natural que o intra empreended­orismos e manifeste .”

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DOUGLAS DAITX/DIVULGAÇÃO Apoio. Milene sugeriu criação de robô para ajudar no processo de contrataçã­o na empresa em que Santos é líder de produtos
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TÂNIA CARVALHO/DIVULGAÇÃO Barreto. Especialis­ta em finanças criou solução para RH
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