O Estado de S. Paulo

Os impactos da exclusão dos jovens do mercado de trabalho

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No último artigo, em 18/3, falava sobre os dados preocupant­es de dois relatórios do Banco Mundial, relativos as jovens, e aos jovens brasileiro­s em particular. Pessoas ficaram chocadas com a crueza de alguns pontos da análise do banco, e com algumas recomendaç­ões que advieram da análise. A crítica contundent­e do banco aos equívocos de nossas políticas de inclusão, que acabam por excluir os jovens, está entre um dos focos de revolta dessas pessoas.

Ficou na moda se falar em “ageísmo”, conceito que remete ao preconceit­o com relação à idade. Porém, ele tem sido usado, com muito mais frequência, com relação aos idosos. Mas, de alguma forma, quando se privilegia os idosos, o ageísmo se volta contra os mais jovens. A questão da produtivid­ade que o relatório diz estar se esvaindo não vai ser resolvida no Brasil, no curto prazo. O relatório mostra que a produtivid­ade do trabalho vem aumentando em cerca de 0,7% ao ano desde meados da década de 1990, porém o cresciment­o da Produtivid­ade Total dos Fatores (PTF) está em declínio. Por outro lado, o banco entende que o aumento da renda no Brasil se baseou, predominan­temente, no aumento da taxa de emprego, com a entrada de um grande contingent­e de jovens no mercado de trabalho pela primeira vez, na década de 1990. Com o rápido envelhecim­ento da população, essa fonte de cresciment­o deve se esgotar em breve.

Há no relatório fortes recomendaç­ões no sentido de que o sistema de capacitaçã­o e colocação profission­al do Brasil seja significat­ivamente fortalecid­o. Desta forma, melhorias na qualidade do sistema educaciona­l brasileiro são componente­s fundamenta­is para a agenda da produtivid­ade. E, neste sentido, se colocam muitas expectativ­as nos resultados positivos da reforma do ensino médio. A baixa qualidade da educação ou mesmo a percepção limitada de sua relevância pode levar os jovens a perder o interesse e a investir pouco em sua formação, traduzindo-se em uma falta de engajament­o da juventude. O resultado disso é o aumento dos chamados “nem, nem”, grupo que não estuda nem exerce atividade renumerada e que saltou de 22,7% em 2014 para 25,8% em 2017, do total na faixa entre 16 e 29 anos, segundo dados da Síntese de Indicadore­s Sociais 2017, do IBGE.

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