O Estado de S. Paulo

Guarulhos na liderança

Pesquisa mostra as cidades que mais receberam novas unidades, nos últimos dez anos, na Região Metropolit­ana de SP, excluindo a capital

- Matheus Riga

Região Metropolit­ana teve 251 mil

unidades lançadas, sem contar a capital, nos últimos dez anos; Guarulhos (foto) fica em primeiro no ranking, com 48 mil novos apartament­os

Há três anos, a assessora Fernanda Silva fez uma escolha que mudaria sua vida. Ela decidiu, depois de passar a vida inteira morando na Zona Norte de São Paulo, nos bairros Mandaqui e Cachoeirin­ha, que sairia da capital paulista para ir morar em Guarulhos. “Não achei estranho me mudar para cá”, diz. “Não me via morando em outros lugares como o ABC ou Barueri.” Segundo ela, o impacto não foi tão grande por causa da proximidad­e entre sua nova casa e a antiga.

Como Fernanda, muitos paulistano­s deixam a capital para ir morar nas cidades vizinhas, que possuem preços de imóveis menores. Segundo pesquisa do grupo Zap Viva Real – que analisou o número de apartament­os lançados nos últimos dez anos em 32 municípios da Região Metropolit­ana de São Paulo, com exceção da capital – foram colocados no mercado 1.944 novos empreendim­entos com aproximada­mente 251 mil novos apartament­os nas cidades que compõe essa área. Quando se inclui a capital, esse número, segundo a empresa, representa 44% do valor total da região.

Dentre os municípios da região metropolit­ana, Guarulhos aparece no topo do ranking com 19% dos lançamento­s, seguida por Osasco (13%), São Bernardo do Campo (11%), Santo André (10%) e Barueri (9%). Segundo o estudo, somente essas cinco cidades receberam 155 mil novos apartament­os nos últimos dez anos, o que representa 60% do total.

O valor somado dos investimen­tos feito em imóveis nesses cinco locais chega R$ 59,1 bilhões com destaque para Guarulhos (R$ 15,4 bilhões) e Osasco (R$ 11,8 bilhões).

A tendência é de que essas cifras continuem aumentando, segundo o vice-presidente de inteligênc­ia de mercado da Zap Viva Real, Caio Bianchi. “O mercado de imóveis na Grande São Paulo está muito aquecido pelo interesse que desperta”, diz.

O estilo de vida dos municípios da região e sua infraestru­tura também são alguns atributos ressaltado­s por Bianchi. “Essas cidades têm um ritmo e qualidade de vida melhores do que nas cidades maiores”, diz. “É um pouco mais tranquilo, sem tanto trânsito e barulho.”

Para o executivo, a variedade de comércio, parques e serviços nessas áreas não deixa a desejar. Esses locais, segundo ele, oferecem tudo que uma boa vida urbana requer.

A premissa de que há tudo o que se precisa é o que o diretor nacional do buscador de viagens e voos Viajala, Eduardo

Martins, sentiu quando se mudou para São Bernardo do Campo, no ABC paulista.

“Aqui há de tudo: vida noturna, restaurant­es de alta gastronomi­a, shoppings”, afirma. “Toda a oferta de serviços da cidade

não deixa nada a desejar em relação à capital.”

Ele, que mora no município desde 2013, diz que percebeu um grande aumento no número de comércios e serviços nos últimos cinco anos.

Apesar da diversidad­e de opções dentro da cidade, Martins acredita que São Bernardo apresenta qualidade de vida melhor que a capital paulista. “São Paulo é uma cidade que não para. As pessoas trabalham muitas horas por dia, os serviços e estabeleci­mentos ficam abertos direto”, afirma. “É um ritmo frenético de pessoas e carros.” Já a cidade do ABC, para o executivo, é menos acelerada e fornece mais sensação de tranquilid­ade e segurança.

O sentimento de calma também foi um dos motivos da arquiteta Barbara Dundes ter comprado um imóvel em São Caetano do Sul. Ela, que morou no município do ABC paulista desde sempre, quando teve a oportunida­de de adquirir uma residência, optou por permanecer em sua cidade natal, em vez de ir para a capital paulista ou para Santo André.

“Alguns bairros de São Paulo sempre estão muito agitados, o que acaba gerando uma vida muito conturbada e estressant­e”, afirma. “Aqui, as coisas são mais tranquilas, e o ritmo não é tão frenético.”

Da mesma forma que Martins, a arquiteta enxerga que a região tem tudo o que é necessário para viver bem. “Hoje em dia, não existe mais aquela cultura de ter que sair do ABC e ir até São Paulo para ver algo diferente”, diz. “A região está se desenvolve­ndo bastante. Antes não tínhamos tantos cafés e restaurant­es legais.”

Fator preço. Para Bianchi, do Zap Viva Real, existem vários fatores que condiciona­m o aumento dos lançamento­s e compras de apartament­os na região metropolit­ana, mas o tamanho do investimen­to é o maior deles. “De maneira geral, nessas áreas os preços são mais vantajosos.”

Com base nos dados da pesquisa, é possível calcular o valor médio do metro quadrado nessas cidades. Em Guarulhos, ele é de R$ 5.299; em Osasco, R$ 6.149; São Bernardo, R$ 6.195; Santo André, R$ 6.207; Barueri, R$ 6.621; e R$ 7.904. Já de acordo com informaçõe­s da Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp), em São Paulo o valor médio do m² em fevereiro era de R$ 9.787,

O preço dos imóveis foi o principal motivo para que Fernanda Silva tenha comprado uma residência em Guarulhos. Em 2015, quando estava procurando por um apartament­o de 60 m², ela chegou a pesquisar na capital paulista e ficou assustada com os preços. “Em São Paulo, o preço era simplesmen­te o dobro do que em Guarulhos”, afirma.

Segundo ela, enquanto os lançamento­s na Região Metropolit­ana tinham valores aproximado­s de R$ 250 mil, imóveis do mesmo tipo e metragem semelhante localizado­s na Zona Norte da metrópole chegavam a custar quase R$ 500 mil.

Quando estava para casar em 2013, Martins, do Viajala, começou a procurar por novos imóveis tanto na Zona Sul de São Paulo, onde trabalhava, quanto na cidade do ABC Paulista. “Na maioria dos casos, a diferença era quase o dobro”, diz. “Coloquei tudo na balança e vi que poderia ficar um pouco mais longe do meu emprego e foi uma decisão positiva.” Hoje, como seu emprego tem horários flexíveis e permite home office, segundo o diretor do Viajala, a mudança se tornou ainda melhor para ele.

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PREFEITURA DE GUARULHOS
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DENIS MACIEL/DGABC Santo André. Município ficou em 4º lugar com R$ 10,8 bi de vendas
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PREFEITURA DE SÃO BERNARDO São Bernardo do Campo. Com 27 mil lançamento­s, cidade foi o terceiro lugar no ranking
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“De maneira geral, nessas áreas os preços são mais vantajosos” Caio Bianchi, vice-presidente de inteligênc­ia de mercado da Zap Viva Real EDUARDO LEITE
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