O Estado de S. Paulo

CONSELHOS PARA SER Um empreended­or de sucesso

Marca Homemade passou antes por três controlado­res, chegou a ter a fabricação suspensa e hoje produz 4.000 kg do doce por dia

- Matheus Riga ESPECIAL PARA O ESTADO

A geleias Homemade passou por três controlado­res antes de ser comprada por Edoardo Magli e um sócio, que revigorara­m a marca, produzindo 4.000 kg/dia do doce e vendendo 2,5 milhões de potes em 2017. Segundo Magli, fazer o produto chegar com qualidade até o consumidor é um caminho longo e difícil.

Com 50 anos de existência, a marca de geleias Homemade já esteve sob o guarda-chuva de empresas como a antiga alimentíci­a Cica e a multinacio­nal Unilever. Nesta última companhia, chegou a ser descontinu­ada. No entanto, a situação mudou em 1995, quando a marca foi adquirida da companhia anglo-holandesa por Edoardo Magli e um sócio. Eles reativaram a produção, que em 2017 proporcion­ou a venda de 2,5 milhões de potes de geleia.

O empreendim­ento teve início em 1968, em Campos de Jordão (SP), quando o alemão conhecido como Barão von Leitner se estabelece­u na cidade. A região, que fica a 1.600 metros acima do nível do mar, é favorável para o cultivo de frutas, em razão de seu clima temperado. Com essa percepção, o europeu criou receitas de geleias naturais, utilizando as matérias-primas dos pomares que tinha.

Von Leitner decidiu colocar o nome de Homemade, que traduzido do inglês significa “feito em casa”, em suas geleias. Nos anos 1970, a companhia alimentíci­a de Jundiaí (SP), Cica, famosa pelo extratos de tomate e goiabadas, comprou a marca do barão.

A Cica, e consequent­emente a Homemade, acabariam sendo compradas pela Unilever uma década depois. Mas a marca de geleias, na época, não era prioridade da multinacio­nal. “A Unilever tinha, então, uma política de só ter marcas globais sob seu domínio”, afirma Magli, sócio-gerente. “Ela não tinha muito interesse nas regionais ou brasileira­s.”

Em razão desse posicionam­ento, a Unilever parou a produção das geleias Homemade. Magli, que tem participaç­ão em uma importador­a e distribuid­ora de alimentos até hoje, já tinha contato com a multinacio­nal por conta dos serviços prestados para a Cica.

O desejo de fazer a Homemade voltar ao mercado e a conexão que o empreendim­ento teria com o outro negócio de Magli (a empresa de importação e distribuiç­ão de alimentos), motivaram a compra. “Sempre a achamos uma marca forte no mercado, com uma história no Brasil e vimos nessa aquisição uma oportunida­de de crescer junto com a empresa”, diz Magli.

Após a compra da marca Homemade e de cinco receitas de geleias, o empresário montou a fábrica em Itapeva (SP). Segundo o empreended­or, a escolha do local foi estratégic­a. “A cidade em que estamos é uma das grandes produtoras de morango, um dos meus carroschef­es”, afirma. “Essa localizaçã­o também é muito perto dos centros de distribuiç­ão das grandes redes de supermerca­dos, como Pão de Açúcar, Carrefour e Dia.”

O espaço de produção é composto por dois galpões, onde ficam as máquinas que automatiza­m o processo de confecção das geleias, além dos 25 funcionári­os do empreendim­ento. Magli não revela o valor do investimen­to.

Com uma produção de quatro toneladas de doce em um turno de oito horas, o empreendim­ento conta com 25 fornecedor­es de frutas, que vão desde o morango até o açaí. São feitas visitas para avaliar a safra, e os contratos são fechados para que a entrega seja feita na época certa da colheita. Em relação à distribuiç­ão, a empresa fechou contrato com uma transporta­dora para entregas na região metropolit­ana de São Paulo. Para pedidos menores, ou fora dessa área, há um acordo com distribuid­ores locais. Desafio. O trabalho para montar uma rede de distribuiç­ão para todo o Brasil é, segundo Magli, o maior desafio que a Homemade tem.

“Hoje, existe uma pulverizaç­ão do mercado nas grandes redes, distribuid­ores e varejo dentro de um território muito grande”, afirma. “Colocar o

• Dificuldad­e “Colocar o produto no mercado e fazê-lo chegar com qualidade até o consumidor é um caminho muito longo e difícil” Edoardo Magli SÓCIO DA HOMEMADE

produto no mercado e fazê-lo chegar com qualidade até o consumidor é um caminho muito longo e difícil.” Por isso, conta, a estratégia inicial foi dar prioridade ao Estado de São Paulo, onde suas geleias eram mais conhecidas.

A perspectiv­a do negócio para 2018 é ampliar sua presença no mercado nacional. “Nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, nós temos muito o que crescer, há muito potencial lá”, afirma Magli.

Para chegar ao resto do Brasil, a estratégia tem sido a contrataçã­o de distribuid­ores nas regiões em que a Homemade tem pouca presença. “Já está dando resultado, e eles começaram a pulverizar nossos produtos por lá.” Ao todo, a Homemade tem 42 itens em seu portfólio, como as geleias, mel, melado e cobertura de sorvete.

“Procuramos dar algo a mais para o nosso cliente, em termos de comida saudável”, afirma o empreended­or. A adição de biomassa de banana verde, alta fonte de fibras, às geleias, e o lançamento de uma linha de geleias sem açúcar são alguns dos exemplos citados pelo empresário nesse sentido.

Agora, a empresa planeja aumentar seu portfólio. “Queremos diversific­ar os nossos produtos para adequá-los ao dia a dia do consumidor, em todas as refeições.”

Na linha de previsões para 2018, a Homemade pretende crescer em 25% o número de vendas. O faturament­o não foi revelado.

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CRISTIANO LOPES/HOMEMADE Equipe. O sócio gerente, Edoardo Magli (à dir.), e o gerente industrial, Alcides Dias da Silva

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