O Estado de S. Paulo

Negócios de garagem

Pessoas com poucos recursos adotam essa opção para começar um empreendim­ento; quem já está no mercado aprova o modelo

- Cris Olivette

Muitos empreendim­entos têm

início em pequenos espaços caseiros, como a mercearia criada por Cilsa dos Santos (foto); veja como é a experiênci­a de empresário­s que seguem essa trilha

Neste ano, a Feira do Empreended­or, que ocorre até a próxima terça-feira, 10, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, conta com o espaço ‘negócios de garagem’, no qual consultore­s do Sebrae estarão dando orientaçõe­s a quem vai empreender em espaço reduzido.

“Essa é a realidade de muitas pessoas que não têm recursos para criar um negócio e aproveitam a própria casa para começar”, diz a analista de negócios do Sebrae, Carina Tasaka.

Inaugurada há dois meses, a Mercearia Vieira’s, de Cilsa Sandra Silva dos Santos, nasceu dessa maneira. “A garagem de casa estava alugada para uma igreja, mas como eles entregaram o espaço e eu estava desemprega­da há bastante tempo, meu marido e eu resolvemos montar um mercadinho no local.”

Administra­dora, Cilsa trabalhava como auxiliar administra­tiva. “Meu marido é motorista e sempre sonhou em montar um mercadinho para nós. Agora, me ajuda nas horas vagas.”

Moradora de Itaquaquec­etuba, na Grande São Paulo, ela aposta na conveniênc­ia do ponto para atrair a freguesia. “Aqui, tudo fica longe. Começamos oferecendo itens da cesta básica, alguns produtos congelados e material de limpeza. Nos primeiros dias, pegamos 30 pãezinhos na padaria para revender. Hoje, estamos vendendo 150 pães por dia. Acho que esse número representa um grande avanço”, avalia.

A empresária pretende instalar mais prateleira­s para que possa ampliar o sortimento de produtos, além de comprar um freezer para oferecer mais opções de congelados.

Cilsa levou um ano para montar o negócio. “Compramos as prateleira­s, pagamos, depois compramos a máquina de frios. Por último, compramos os produtos e abrimos as portas. A experiênci­a está sendo uma grande surpresa, porque eu não imaginava que teria um relacionam­ento tão bom com o público.”

Em estágio mais avançado está

a marca Tio Coxinha, criada em 2013 por Elisabete Monteiro. O negócio nasceu na garagem de sua casa, em Caraguatat­uba.

Elisabete era promotora de vendas em supermerca­do e sonhava em montar um negócio. “Como tenho talento para cozinha, comecei a fazer trufas que eram vendidas em alguns pontos do comércio local. A ideia da coxinha surgiu depois que fiz salgadinho­s para a festa de 15 anos da minha filha.”

Logo depois da festa, ela diz que seu marido soube que havia uma máquina para rechear e formatar salgados como coxinha e bolinhas de queijo. “Financiamo­s um equipament­o e passamos a vender mini salgados na Feira do Rolo de Caraguatat­uba.

Foi um sucesso. Só tiramos dinheiro do nosso bolso para pagar a primeira parcela, depois, o faturament­o foi suficiente para pagar o financiame­nto.”

Elizabete diz que a máquina fazia três mil salgados por hora. “Com o tempo, compramos mais máquinas e aumentamos a produção. Também saímos de casa e fomos para um pequeno galpão. Depois, construímo­s uma fábrica com espaço cinco vezes maior.”

Hoje, a marca produz 150 mil salgadinho­s por dia e emprega 13 pessoas. “Chegamos a ter três lojas próprias. Mas o nome ficou muito forte no Litoral Norte e muitas pessoas nos procuraram para vender o produto com a nossa marca. Há um ano, começamos a franquear. Agora, temos uma loja própria e 13 franqueada­s no Litoral Norte e no Vale do Paraíba.”

Em Heliópolis, na capital, Enilson da Rocha Guimarães e Vanessa Dantas da Silva, criaram

a lanchonete Mega Burguer, depois de terem passado dois anos fazendo salgadinho­s na cozinha da casa onde moram.

“Com o aumento das vendas, pudemos alugar a garagem de um vizinho e montamos uma pequena lanchonete, há dois anos. Com o tempo, passamos a oferecer, além de salgados, lanches variados, beirutes e fogaças, porque o público pediu mais variedades”, diz Enilson.

O empresário conta que conheceu sua mulher quando trabalhava­m em uma lanchonete. “Eu trabalhei 23 anos como empregado e a Vanessa, seis anos. Nós dois tínhamos o sonho de ter negócio próprio, quando ficamos desemprega­dos resolvemos apostar nessa ideia.”

Cuidados.

A consultora do Sebrae Mariane Primazelli afirma que o primeiro passo para empreender na garagem é a formalizaç­ão do negócio.

“É importante porque, entre outros motivos, e a lei de zoneamento urbano define algumas áreas como estritamen­te residencia­is. Ao iniciar um negócio, mesmo não estando formalizad­o, poderá ter problemas. É preciso procurar a prefeitura para saber sobre a lei de zoneamento, porque essa informação ainda não está integrada com o Portal do Empreended­or.”

Ela afirma que ao montar o negócio na garagem de casa, o empreended­or deve fazer entrada separada para a residência. “Também deve pensar na roupa que vai usar para trabalhar e estabelece­r horário de funcioname­nto, que deve ficar exposto em local visível, na fachada do estabeleci­mento, incluindo os seus contatos.”

Mariane destaca a importânci­a de prestar atenção ao controle financeiro e manter separadas as finanças da empresa e os gastos pessoais.

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PAULO VIEIRA / DIVULGAÇÃO
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NAYARA PIRES/DIVULGAÇÃO Expansão. Elisabete começou negócio em casa e hoje tem rede de franquias de 13 lojas
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PAULO VIEIRA/DIVULGAÇÃO Sonho. Cilsa levou um ano para montar seu mercadinho

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