PT envelheceu à sombra do líder
Independentemente do desfecho do conflito político que envolve o ex-presidente Lula e da crise que atinge as instituições do País, as esquerdas, particularmente o PT, terão de se reinventar. Elas enfrentam uma crise no mundo ocidental, com perdas de espaço político e com o crescimento da extrema-direita. O que está em crise é o seu ideário, o seu modo de agir, o seu modo de se organizar, o seu conteúdo programático e a sua forma de relação com a sociedade.
A força que ainda tem a esquerda brasileira se deve muito mais à liderança e ao poder simbólico de Lula e a antigos líderes, que estão à margem da disputa político-eleitoral, do que às suas estruturas organizativas e à sua inserção social. O PT envelheceu à sombra de Lula e não conseguiu se renovar nem transitar para uma era pós-Lula. São poucos os jovens engajados no partido. Sem uma transição geracional, o que há é uma ruptura, com perda de substância política e sem inovação.
PT e esquerdas perderam a noção de que política, sobretudo nos momentos críticos, se decide pela força organizada dos partidos e dos movimentos sociais. As esquerdas se comunicam mal com a sociedade. Precisam rever seus métodos de ação e de organização, abrindo-se mais à participação democrática. Precisam reescrever seus programas, apostando nas revoluções educacional e tecnológica, precisam criar programas de inclusão social em grande escala. Este é o maior desafio do PSOL, preso a bandeiras temáticas, e que pode herdar bases do PT.