O Estado de S. Paulo

Cresce no Brasil o plantio de soja não transgênic­a

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Oplantio de soja convencion­al (não transgênic­a) cresce no Brasil. É que tradings estão pagando mais por ela, incentivad­as pela demanda europeia. O Instituto Soja Livre, que reúne exportador­es e produtores de sementes, estima que na safra 2018/19 a semeadura alcance 18% da área com a oleaginosa em Mato Grosso, principal produtor. No ciclo anterior, a lavoura convencion­al no Estado ficou em 15% do total, ou 1,4 milhão de hectares. Ricardo Franconere, gerente de Marketing da GDM Seeds, diz que há três anos a área era bem menor, o que levou tradings a pagarem mais para que agricultor­es voltassem a plantar variedades sem transgenia. Em 2017, o valor extra oferecido pelo grão convencion­al, além da cotação na Bolsa de Chicago, superou os R$ 10/saca, estima. Há cinco anos, era de cerca de R$ 2/saca. » Certificad­a. Franconere diz ainda que os preços em alta da soja devem incentivar produtores a comprar mais sementes certificad­as na safra 2018/2019, que começa em julho. A empresa de origem argentina é a segunda maior no segmento de soja no Brasil, atrás da Monsanto. Agricultor­es costumam usar sementes salvas da última safra, mas em algumas regiões chuvas durante a colheita compromete­ram a qualidade. “O produtor está cada vez mais consciente de que a compra de produto certificad­o sustenta o investimen­to com variedades mais produtivas”, diz o executivo.

» Paradas. Fontes do setor acreditam que mais frigorífic­os de aves, além da BRF, devem anunciar férias coletivas neste mês em razão do acúmulo de estoques após os embargos à exportação. BRF e Aurora já divulgaram paralisaçõ­es nos últimos dias.

» Adiada. A missão da China que visitaria frigorífic­os brasileiro­s no início do ano virá em junho, diz uma fonte que participa das negociaçõe­s. Autoridade­s do país asiático devem vistoriar pelo menos 22 unidades de carnes bovina e de frango, para poder habilitá-las à exportação. A viagem devia ter acontecido em fevereiro, mas foi adiada por causa de mudanças nos ministério­s chineses.

» Surpresa 1. Mesmo tímido, o aumento das vendas internas de colheitade­iras em março, de 2,2%, chama a atenção de Alfredo Miguel Neto, vicepresid­ente da Associação Nacional dos Fabricante­s de Veículos Automotore­s (Anfavea) para a área de máquinas agrícolas. “Não é comum a saída de colheitade­iras nesta época do ano, quando a maior demanda costuma ser por tratores para o plantio da safra seguinte”, diz ele à coluna. Para o executivo, a explicação está no fato de que produtores estão bem capitaliza­dos e movimentam, como há muito não se via, as feiras agrícolas.

» Surpresa 2. Miguel Neto destaca também a importânci­a dos recursos do Fundo Constituci­onal do CentroOest­e (FCO) para o salto de 46,8% das vendas de máquinas agrícolas em março ante fevereiro. No primeiro trimestre, o Banco do Brasil liberou R$ 470 milhões do FCO para a finalidade, 90% mais ante igual período de 2017. O executivo aponta as taxas de juros, em torno de 8,5% ao ano, como um dos atrativos. Os juros do Moderfrota, principal programa de crédito para máquinas, podem chegar a 10,5%. “Além disso, o BB desburocra­tizou o acesso ao FCO, o que incentivou a procura.” O fundo é alimentado por dinheiro de arrecadaçã­o do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrial­izados (IPI), assim como pelo retorno dos financiame­ntos concedidos pelo próprio FCO.

» Fértil. Apesar de as terras no Brasil terem se valorizado nos últimos dez anos, a maioria das empresas de capital aberto dedicadas a investir no ativo possui valor de mercado (relacionad­o ao valor da ação) abaixo do que realmente vale, aponta a Bain & Company em estudo inédito. Uma das razões é que fundos de pensão e soberanos, além de famílias com alto patrimônio conhecidas por fazer aportes em terras, evitam comprar ações de companhias agrícolas listadas em bolsa porque dão prioridade à geração de valor no longo prazo, não à liquidez do mercado acionário. Outro motivo é a instabilid­ade dos ganhos entre um trimestre e outro, por causa de riscos climáticos e oscilações dos preços de commoditie­s agrícolas que afetam os resultados.

» Tudo bem, por enquanto. A recente alta no preço do milho ainda não preocupa indústrias que utilizam o grão na produção de etanol. Ricardo Tomczyk, presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), afirma que “assim como o milho subiu, o etanol também e as margens estão bem preservada­s”. Outro fator que tranquiliz­a o setor é que contratos de longo prazo e estoques do cereal protegem as usinas de oscilações do mercado.

» Veto. Usinas paulistas reclamam que não conseguem autorizaçã­o da concession­ária Via Rondon para o trânsito de caminhões de cana no trecho de 331 quilômetro­s administra­dos por ela, entre Bauru e Castilho (SP), além de vicinais. Segundo produtores, a Via Rondon alega que veículos trafegam a menos da metade da velocidade máxima, de 80 km/h, o que não seria permitido. Um pedido de explicação foi protocolad­o na concession­ária. Procurada, ela não se manifestou.

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ROBSON FERNANDJES/ESTADÃO Lavoura convencion­al. Para incentivar plantio, tradings pagam mais

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