Gilmar cobra ‘sensibilidade’ ao citar prisão
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, defendeu ontem respeito à “dignidade da pessoa humana” no combate à corrupção e na punição de criminosos. Ao rebater críticas sobre as condições da cela do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilmar afirmou que um “lado animalesco está se manifestando em cada um de nós” e chamou de “pervertido” quem considera privilégio o fato de Lula ter banheiro privativo.
“Há uma mídia opressiva nessa temática. ‘O ex-presidente Lula vai ter uma suíte, um banheiro’. Gente, onde estamos com a cabeça? Aonde foi a nossa sensibilidade?”, disse Gilmar durante sessão que julgou dois habeas corpus ajuizados pela defesa do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB).
O ministro ainda declarou que sente “vergonha” das pessoas que criticam as instalações reservadas a Lula na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. “Tenho vergonha que pessoas, alfabetizadas, que tiveram sempre três ou quatro alimentações durante a vida, se comportem dessa maneira. São pervertidos. É preciso denunciar, combater o crime, sim. Punir, sim, mas em respeito à dignidade da pessoa humana.”
Na semana passada, o ministro votou a favor de o ex-presidente aguardar em liberdade até decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no caso do triplex do Guarujá, mas prevaleceu o entendimento de que Lula poderia ser preso após condenação em segunda instância.
Temer. Na tarde de ontem, Michel Temer recebeu Gilmar no Palácio do Planalto. O encontro não constava inicialmente da agenda oficial do presidente e foi incluído depois. O tema da reunião não foi divulgado.