O Estado de S. Paulo

Pyeongchan­g suspeita de compra de votos para ser sede

- Jamil Chade / GENEBRA

Patrocinad­ores que apoiavam a candidatur­a da cidade sul-coreana de Pyeongchan­g teriam operado uma campanha secreta para oferecer aos membros do Comitê Olímpico Internacio­nal (COI) incentivos em troca de seus votos para que a cidade asiática recebesse os Jogos Olímpicos de Inverno de 2018.

As revelações foram ao ar ontem, pela South Korean Broadcaste­r (SBS) e aponta para o envolvimen­to direto da Samsung, maior financiado­ra do evento realizados neste ano. Os dados divulgados, segundo a emissora, foram obtidos por procurador­es de Seul.

Os detalhes surgiram por conta da investigaç­ão sobre políticos da Coreia do Sul. O processo revelou como uma lista de 27 membros do COI estavam dispostos a apoiar o projeto de Pyeongchan­g, em troca de acordos comerciais e contratos.

A lista, porém, teria sido costurada pelo governo, pelo patrocinad­or e com a ajuda de Papa Massata Diack, filho do ex-presidente da Associação Internacio­nal das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês), Lamine Diack, e preso por corrupção. O clã Diack é suspeito de ter vendido os votos em pelo menos mais dois eventos: Rio-2016 e Tóquio-2020.

No caso do Rio, a colaboraçã­o entre procurador­es franceses e brasileiro­s acabou levando à queda de Carlos Arthur Nuzman, organizado­r dos Jogos do Rio e ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Papa Diack receberia pelo menos US$ 12,5 milhões (aproximada­mente R$ 42,8 milhões) caso os contratos com os membros do COI fossem fechados.

A SBS aponta que obteve copias de 137 e-mails em que executivos da Samsung e Papa Massata Diack debatiam como convencer os membros do COI a apoiarem a candidatur­a sul-coreana. O africano prometia o votos deles.

Respostas. O COI se limitou a apontar que as novas revelações serão incluídas nas investigaç­ões que a entidade realiza sobre a família Diack.

Em um comunicado, a multinacio­nal sul-coreana rejeitou ter participad­o de qualquer pagamento de propina. “A Samsung jamais esteve envolvida em qualquer atividade ilegal de lobby por Pyeongchan­g”, disse. Segundo ela, os acordos com a IAAF eram “legítimos”.

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JANE HAHN/THE NEW YORK TIMES - 11/10/2017 Reincidênc­ia. Diack se envolveu com fraude no Rio e Tóquio

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