O Estado de S. Paulo

Avião militar cai na Argélia e 257 morrem

Aeronave levava membros da Frente Polisário, grupo que luta pela independên­cia do Saara Ocidental

- ARGEL

Um avião do Exército argelino caiu ontem pouco depois de decolar da base aérea de Boufarik, cerca de 30 quilômetro­s ao sul de Argel, capital da Argélia, matando todas as 257 pessoas a bordo – a maioria soldados. Entre os mortos estavam 26 membros da Frente Polisário, movimento de independên­cia do Saara Ocidental que é apoiado pelo governo argelino.

O desastre é o mais letal desde a queda do voo MH17, da Malaysia Airlines, em 2014. A aeronave que caiu ontem, que fazia o trajeto entre Boufarik e Tindouf, era um Ilyushin Il-76, de fabricação russa. Segundo o site do fabricante, o avião pode transporta­r entre 126 e 225 passageiro­s, dependendo da versão.

Um comunicado do Ministério de Defesa argelino indicou ontem que o ministro Ahmed Gaid Salah ordenou a formação de uma comissão de investigaç­ão para identifica­r as causas do acidente.

Tindouf, a 1,8 mil quilômetro­s de Argel, perto das fronteiras de Marrocos e do território de Saara Ocidental, abriga muitos campos de refugiados saarauís, assim como a sede do governo da República Árabe Saarauí Democrátic­a, proclamada em 1976 pelos separatist­as da Frente Polisário. O movimento disputa a região com os marroquino­s desde então.

Sem sobreviven­tes. Logo após o acidente, dezenas de ambulância­s e veículos do corpo de bombeiros foram enviados para o local. Uma fonte militar afirmou ao canal de notícias AlHadathe que não houve sobreviven­tes. Em vídeos divulgados nas redes sociais é possível ver as densas nuvens de fumaça negra que se formaram depois da queda do avião. Algumas testemunha­s disseram ao canal de televisão Enhahar que viram as chamas ainda durante a decolagem.

O porta-voz da Defesa Civil argelina disse ao jornal New York Times que os corpos das vítimas apresentav­am sinais de “queimadura­s profundas causadas pelo incêndio ainda durante o voo”.

Luto. O primeiro-ministro da Argélia, Ahmed Ouyahia, e vários integrante­s do governo fizeram um minuto de silêncio em memória das vítimas do acidente. A queda do Ilyushin é o pior acidente aéreo na história da Argélia, mas não é o primeiro a envolver um avião do Exército.

Em fevereiro de 2014, um Hercules C-130 bateu no monte Djebel Fertas, na região de Oum El Bouaghi, a 500 quilômetro­s de Argel, provocando a morte de 77 pessoas – apenas um passageiro sobreviveu. A aeronave, que teria caído em razão da más condições climáticas, viajava para a cidade de Constantin­e.

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RYAD KRAMDI/AFP Tragédia. Equipes de resgate trabalham ao redor dos destroços do Ilyuchin que caiu após decolar da base aérea de Boufarik, a 30 quilômetro­s de Argel

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