O Estado de S. Paulo

PSB cobra mais ‘entrosamen­to’ de Barbosa.

Líderes do partido pressionam o ex-ministro do STF a ter postura mais ativa para quebrar resistênci­as à sua possível candidatur­a

- Igor Gadelha / BRASÍLIA

Dirigentes e governador­es do PSB passaram a cobrar do exministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa maior “entrosamen­to” com integrante­s do partido. A avaliação é de que Barbosa precisa expandir sua interlocuç­ão para além da cúpula da legenda e expor suas ideias aos demais filiados, com a finalidade de vencer as resistênci­as que ainda existem dentro do partido a uma eventual candidatur­a à Presidênci­a da República.

Barbosa se filiou ao PSB na última sexta-feira, durante cerimônia discreta em São Paulo, a pedido do próprio ex-ministro. Ele negociou a entrada no partido com o presidente nacional, o pernambuca­no Carlos Siqueira. Também teve poucos encontros com parlamenta­res da cúpula da sigla, entre eles, o líder do legenda na Câmara, deputado Julio Delgado (MG). Nas conversas, disse que manteria seu estilo discreto até decidir se será ou não candidato, mesmo após a filiação.

Para ajudar Barbosa a mudar de posição, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, o convidou a ir ao Recife para conhecer o governo e conversar com integrante­s do PSB no Estado, que representa­m uma das alas mais influentes do partido.

O convite foi feito durante conversa por telefone entre Câmara e Barbosa no dia em que o ex-ministro assinou a ficha filiação. O jurista, porém, ainda não respondeu ao convite.

“Entrosamen­to”. Também filiado ao PSB, o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, cobra mais diálogo da parte de Barbosa. “Se ele almeja ser candidato a algum cargo, creio que ele vai discutir com o partido, vai se expor. Só vi até agora a imprensa falar por ele”, disse ele ao Estadão/Broadcast.

Coutinho contou que, até o momento, não teve a “oportunida­de” de conversar sobre política com o ex-ministro e, por isso, não quis expor opinião sobre uma eventual candidatur­a de Barbosa.

O próprio presidente do PSB também admite que Barbosa precisa se “entrosar” mais com o partido, mas diz que o ex-ministro está disposto a conversar com integrante­s do partido nos Estados. “Vamos ter conversas para ele começar a se entrosar com o partido”, afirmou Siqueira. “Acho que demos o primeiro e mais importante passo na filiação. Agora, faremos a costura interna com as bancadas e a direção para consolidar”, acrescento­u o deputado Júlio Delegado.

Márcio França. Governador do maior colégio eleitoral do País, Márcio França (PSB), que tentará reeleição em São Paulo, deve ficar de fora, por enquanto, do movimento de consolidaç­ão da candidatur­a de Barbosa. O pessebista se compromete­u a apoiar a candidatur­a ao Planalto do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), mesmo sendo adversário do candidato tucano no Estado, o ex-prefeito da capital paulista João Doria.

Assim como Câmara, França se encontrou com o ex-ministro do Supremo na época em que ele ainda negociava a filiação ao PSB. Disse que não tinha resistênci­as à entrada de Barbosa na legenda, mas deixou claro o compromiss­o em dar palanque a Alckmin no Estado. Pessebista­s acreditam, porém, que o governador paulista poderia se aliar espontanea­mente à candidatur­a do ex-ministro, a depender do desempenho dele nas pesquisas eleitorais.

Integrante­s do PSB dizem ter em mãos pesquisas de intenção de voto que apontam a possibilid­ade de Barbosa chegar ao segundo turno. Nacionalme­nte conhecido após ser o relator do processo do mensalão no STF, os levantamen­tos mostrariam que o ex-ministro pode tirar votos do deputado Jair Bolsonaro (RJ), presidenci­ável pelo PSL e herdar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso e condenado pela Lava Jato.

Marqueteir­o. Mesmo sem uma decisão oficial de Barbosa sobre uma candidatur­a, o PSB já começa a discutir a montagem de uma estrutura de campanha para o ex-ministro. O partido sugeriu, por exemplo, o nome do argentino Diego Brady para marqueteir­o.

Brady trabalhou na campanha presidenci­al do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em agosto de 2014 num acidente aéreo logo no início da disputa. O marqueteir­o, que também já fez a campanha de Geraldo Julio à Prefeitura de Recife em 2012, foi apresentad­o pessoalmen­te a Barbosa durante reunião em Brasília no final de janeiro.

Na ocasião, Brady sugeriu que o ex-ministro soltasse nota para comentar a condenação de Lula pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) a 12 anos e 1 mês no caso do triplex no Guarujá (SP). Barbosa acabou não seguindo o conselho. O Estado não conseguiu contato com Barbosa.

“Se ele (o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa) almeja ser candidato a algum cargo, creio que ele vai discutir com o partido, vai se expor. Só vi até agora a imprensa falar por ele”.

Ricardo Coutinho GOVERNADOR DA PARAÍBA PELO PSB

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO-8/6/2017 Ex-ministro. Barbosa se filiou ao PSB na sexta-feira, durante cerimônia discreta em São Paulo

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