‘O Mecanismo’ abusou de liberdade criativa, afirma juiz
Os passageiros do voo 4156 da Azul de Porto Alegre a Curitiba já estavam acomodados quando uma das aeromoças disse a uma pessoa na segunda fileira que teria de colocar a bagagem dela em outro lugar. “Vamos ter de colocar aqui a mala do juiz.” Foi nesse momento que Sérgio Moro entrou no avião e se acomodou no assento da janela na primeira fileira. Ele não circulou pelo setor de embarque antes.
A reportagem do Estado, que estava na poltrona do corredor ao lado do magistrado, tentou uma abordagem, mas o juiz disse que precisava trabalhar. O lugar ao seu lado ficou vago.
No trajeto de pouco mais de 50 minutos até Curitiba, Moro se dividiu entre a leitura de inquéritos e do livro Excellent Cadavers. A obra de Alexander Stille aborda a luta do magistrado italiano Giovanni Falcone contra a máfia até seu assassinato, em 1992. “Estou lendo pela segunda vez”, disse ao ser questionado pelo repórter sobre a obra.
Quando pôs o livro de lado, foi a deixa para uma segunda tentativa ao juiz da Lava Jato: “O que achou da série O Mecanismo?” “Abusaram da liberdade criativa na série, mas eu de fato ia de bicicleta de vez em quando”, respondeu o magistrado.
Após a aterrissagem, outro passageiro se aproximou: “O Brasil inteiro está orando pelo senhor”. Moro sorriu, agradeceu e saiu da aeronave.