O Estado de S. Paulo

Marina afirma ser contra a privatizaç­ão da Eletrobrás

Presidenci­ável da Rede defende a manutenção da Petrobrás, BB e Caixa sob controle do Estado

- Marianna Holanda

A pré-candidata à Presidênci­a pela Rede, Marina Silva, declarou ontem ser contrária à privatizaç­ão da Petrobrás, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica. A ex-ministra do Meio Ambiente criticou a forma como o governo federal propôs a desestatiz­ação da Eletrobrás, que tramita hoje na Câmara dos Deputados. O discurso se contrapõe ao do presidenci­ável Geraldo Alckmin (PSDB), que já defendeu a desestatiz­ação da Petrobrás.

“Não tenho uma posição contrária às privatizaç­ões, só não pode ser feita de qualquer jeito. E sou contra a privatizaç­ão da Petrobrás, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica”, afirmou, ontem, em entrevista à Rádio Eldorado, que vai ao ar na próxima segunda-feira.

Para a ex-ministra do Meio Ambiente, é um problema se discutir a desestatiz­ação da Eletrobrás, sem debater antes formas de energia limpa. “O governo apresentou um projeto de privatizaç­ão sem antes ter um plano de geração de energia para os próximos 10, 20 anos no Brasil. Se o governo disser que vai continuar fazendo grandes barragens como Belo Monte, temos um problema”, disse.

Pela terceira vez disputando a Presidênci­a, Marina apresentar­á, pela primeira vez, um programa de seu partido. Nas eleições anteriores, se lançou pelo PV e pelo PSB. Neste ano, Marina adota um discurso mais social e deixa para trás ao menos parte dos elementos neoliberai­s de seu programa de 2014, como a independên­cia do Banco Central (herdada da coligação com PSB).

Ao Estado, a presidenci­ável também defendeu a institucio­nalização de políticas econômicas e sociais e “tratar as conquistas não como partidária­s”. “Recuperar o tripé macroeconô­mico do Plano Real para que esse País possa ter estabilida­de econômica. Tornar as políticas sociais, de transferên­cia de renda em direitos, para que as pessoas não se sintam devendo favor a ninguém”, explicou.

Tese. A ideia é apresentad­a também na tese de conjuntura apresentad­a pela Rede no último domingo. O documento de sete páginas é uma prévia do tom que a candidata deve seguir nesta disputa.

Intitulado “Eleições limpas e democrátic­as para refundar a democracia”, o documento diz que o objetivo da sigla será “mudar o sistema político e fazer a transição para um modelo de desenvolvi­mento fundado na justiça social”. Mais à frente, afirma que justiça social seria “ir além de prover meios de subsistênc­ia imediata aos mais pobres”.

Esse processo de tornar políticas institucio­nais, para distanciá-las de governos, é chamado de política social de 3.ª geração pela Rede: “Revolução do conhecimen­to e das novas tecnologia­s, com políticas sociais voltadas para a integração produtiva, cultural e cidadã das pessoas”.

O texto da Rede defende ainda uma “nova economia” centrada na “promoção de produtivid­ade e distribuiç­ão de renda, definitiva­mente comprometi­da com os princípios socioambie­ntais”.

O coordenado­r de programa de Marina, João Capobianco, deve apresentar no fim do mês uma prévia do plano de governo, com diretrizes mais formadas. Com 22 milhões de votos nas eleições de 2014, esta deve ser a última disputa da presidenci­ável da Rede. Nas disputas anteriores, 2010 e 2014, Marina ficou em terceiro lugar.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO–7/4/2018 Projeto. Marina ao oficializa­r pré-candidatur­a, sábado; programa defende ‘nova economia’

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