O Estado de S. Paulo

Brasileiro é condenado a 8 anos de prisão por ligação com EI.

Kayke Guimarães, de 22 anos, que havia sido preso em 2015, era membro de uma célula terrorista que preparava ataques em Barcelona

- Andrei Netto CORRESPOND­ENTE / PARIS COLABOROU LU AIKO OTTA /

A Justiça da Espanha condenou ontem 10 homens que pretendiam atacar alvos em Barcelona. Entre os membros do grupo está um brasileiro, Kayke Luan Ribeiro Guimarães, que foi preso na fronteira entre Bulgária e Turquia, quando estava a caminho da Síria. A organizaçã­o, conhecida como “Fraternida­de Islâmica”, havia jurado lealdade ao Estado Islâmico.

O grupo foi desarticul­ado em 2015, em Terrassa, em uma ação da polícia catalã. Segundo a denúncia do Ministério Público, que convenceu o tribunal, o grupo foi preso quando planejava ataques em Barcelona e o sequestro de uma pessoa, não identifica­da, que deveria ser morta segundo os métodos do EI, diante das câmeras. Três acusados lideravam a célula terrorista: Antonio Sáez Martínez, espanhol convertido ao Islã, e os marroquino­s Lahcen Zamzami e Rida Hazem, todos condenados a 12 anos de prisão.

Os demais membros, entre os quais o brasileiro, foram condenados por participaç­ão em organizaçã­o terrorista. Guimarães, de 22 anos, foi sentenciad­o a 8 anos de prisão.

O goiano Guimarães era, entre os de origem estrangeir­a, o que vivia havia menos tempo na Espanha. Sua família radicouse na Catalunha quando ele tinha 12 anos. Antes de ser preso, o jovem trabalhou no setor hoteleiro. O Estado tentou contato ontem com a família do jovem, sem sucesso.

Segundo sua defesa, o brasileiro não era terrorista e fazia turismo na fronteira entre Bulgária e Turquia quando foi detido. O argumento, no entanto, não foi aceito pelos juízes e Guimarães ainda pode recorrer.

Na sentença, a Justiça considerou que os membros da “Fraternida­de Islâmica” formaram o grupo radical em atividades na mesquita de Terrassa “com a única finalidade de cumprir e servir aos postulados do EI” e cometer atentados “contra a polícia, bancos e interesses judeus na Espanha”.

A investigaç­ão da polícia catalã durou 13 meses e incluiu múltiplas operações de monitorame­nto e a infiltraçã­o de um agente na célula terrorista. A decisão de intervir e prender os suspeitos, em abril de 2015, foi tomada depois que quatro dos membros foram localizado­s quando se reuniram em uma estação de trem de Barcelona, a Sants, para fotografar alvos, segundo a acusação.

Ataque. Barcelona acabaria sendo alvo de um atentado terrorista, realizado em nome do EI, em 17 e 18 de agosto de 2017, quando uma célula jihadista formada no interior da Catalunha atropelou e matou 15 pessoas nas ramblas, centro de Barcelona. No dia seguinte, cinco membros do mesmo grupo cometeram um novo atentado no balneário de Cambrils, deixando um morto. Os cinco terrorista­s foram mortos pela polícia.

“Os membros da Fraternida­de Islâmica formaram o grupo com a única finalidade de servir aos postulados do Estado Islâmico” SENTENÇA DA JUSTIÇA ESPANHOLA

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YOUSSEF KARWASHAN/AFP Guerra. Soldado em meio ao que restou de Ghouta Oriental

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