O Estado de S. Paulo

Governo já planeja nova distribuiç­ão de venezuelan­os pelo País

Grupo está concentrad­o em Roraima; demanda de pedidos de refúgio explode, mas burocracia faz processo durar 2 anos

- Lígia Formenti / BRASÍLIA

O secretário nacional de Justiça, Luiz Pontel de Souza, afirmou que o governo estuda a realização de um segundo programa de interioriz­ação de migrantes venezuelan­os. De acordo com ele, o comitê federal que trata sobre o assunto, presidido pela Casa Civil, já trabalha com a perspectiv­a da organizaçã­o de novas viagens para deslocamen­to dos migrantes, atualmente concentrad­os em Roraima, para outras regiões do País. As datas para novas ações serão definidas de acordo com questões operaciona­is.

As informaçõe­s foram dadas durante o lançamento da terceira edição do Refúgio em Números, preparado pelo Ministério da Justiça, com dados sobre a chegada de estrangeir­os que solicitam o registro no País.

O trabalho mostra que 2017 foi o ano em que o Brasil mais recebeu pedidos de refúgio nos últimos sete anos. Foram 33.866. Desse total, mais da metade (53%) era de venezuelan­os. Em seguida há cubanos (2.373) e haitianos (2.362). A demanda de pedidos de venezuelan­os explodiu em relação ao ano anterior. Em 2016, pessoas que vivem naquele país fizeram 3.375 solicitaçõ­es de refúgio.

Lentidão. O avanço do total de pedidos feitos ao Brasil vem acompanhad­o pela lentidão na análise dos processos. O País tem acumulado 86.007 solicitaçõ­es de refúgio de pessoas de diversas nacionalid­ades. Estão escalados para fazer a análise desses processos 13 funcionári­os. Para se ter uma ideia, nenhum dos processos iniciados no ano passado ainda foi concluído. A situação não é muito diferente da relatada em 2016. Dos 10.308 processos iniciados, 271 foram concluídos.

A demora na análise explica o fato de venezuelan­os ainda não figurarem no grupo de pessoas que já tiveram concedido o refúgio. De acordo com secretário, os processos demoram, em média, dois anos. Questionad­o se o Brasil estava preparado para receber os refugiados, o secretário nacional de Justiça, Luiz Pontel de Souza, limitou-se a dizer que “a legislação brasileira estava preparada para isso”.

Dos pedidos que estão ainda em avaliação, 33% são de venezuelan­os. Pelos dados do relatório, o Brasil concedeu 10.145 solicitaçõ­es de refúgio nos últimos dez anos. Desse total, apenas metade continua residindo no País. A maior parte dos refugiados que vivem no Brasil é formada por sírios – eles representa­m 35% do total.

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO-5/4/2018 Acolhida em SP. Foram 33.866 pedidos de refúgio em 2017

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