Tribunal mantém dérbi em aberto
Após reclamação do Palmeiras, TJD-SP decide instaurar inquérito: ‘Vamos aguardar a investigação para ter uma posição’, afirma presidente do órgão
Até o próximo dia 23, pelo menos, ninguém poderá discutir: o Corinthians é o campeão paulista de 2018. No entanto, em caso no qual vem mais confundindo do que esclarecendo, o TJD-SP (Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo) deu a entender que o resultado do dérbi do último domingo ainda é passível de alteração, a depender do que a investigação interna apontar até o julgamento.
De acordo com o presidente do órgão, Antonio Assunção de Olim, logo após o Palmeiras ter solicitado anteontem à noite instauração de inquérito para apurar suspeitas de interferência externa na partida que decretou o título estadual a favor do rival, o caso foi passado para as mãos do procurador-geral do TJD-SP, Wilson Marqueti Júnior, e da procuradora Priscila Carneiro de Oliveira. Serão eles, com auxílio de cinco membros da 3ª. Comissão Disciplinar (veja a lista completa ao lado), que analisarão os fatos e decidirão pela apresentação ou não de denúncia.
O clube alviverde alega que a arbitragem sofreu influência de gente externa ao campo ao mudar o entendimento na marcação de um pênalti. Após assinalar a suposta falta do corintiano Ralf em Dudu, o árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza voltou atrás sete minutos depois, tempo no qual teria recebido, de acordo com o entendimento palmeirense, auxílio de Dionísio Roberto Domingos.
Dionísio é o chefe do Departamento de Arbitragem da FPF (Federação Paulista de Futebol) e estava do lado de fora do campo. O clube divulgou na terça imagens com as quais procura provar a comunicação entre ele e um dos árbitros assistentes da partida, algo proibido. Pouco depois, veio a decisão final da arbitragem apontando escanteio em vez do pênalti.
Em nota oficial divulgada ontem à tarde, a FPF negou veementemente esta tese.
“As imagens veiculadas pelo site da Sociedade Esportiva Palmeiras não provam nenhuma interferência externa na decisão dos árbitros, de voltar atrás na marcação de um pênalti inexistente”, diz trecho da nota. Ainda de acordo com a Federação Paulista, Dionísio “não teve qualquer influência na decisão da equipe de arbitragem”.
Prazo. Apesar de ter aberto inquérito para apurar o ocorrido, o presidente do TJD sinalizou ontem que o Palmeiras teria perdido o prazo para cumprir todas as exigências previstas no CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva) para pedidos de impugnação de resultados. Citou o artigo 84 ao afirmar que o clube não depositou, por exemplo, o valor de uma taxa à própria FPF obrigatória para dar sequência ao procedimento. Em nota, o Palmeiras alega ter pedido apenas a instauração do inquérito, fase em que o pagamento da taxa não é necessário. E que, posteriormente, “terá a prerrogativa ou não de requerer a impugnação”.
Questionado pela reportagem do Estado se o resultado da finalíssima do Campeonato Paulista poderia sofrer alteração diante do imbróglio, Antonio Olim respondeu: “Vamos aguardar a investigação. Aí teremos uma posição”.
Ainda em contato com a reportagem, o presidente do TJD-SP não especificou quem exatamente será chamado a depor, mas citou “todos da arbitragem”, além de Dionísio Roberto Domingos e do delegado da partida, Agnaldo Vieira. Também informou que, a princípio, ninguém do Corinthians precisará ir à sessão para prestar depoimento.
Por fim, Antonio Olim informou que, mesmo em caso de eventual decisão desfavorável ao Palmeiras no julgamento do dia 23, o clube poderá recorrer ao Pleno do próprio tribunal e, em última instância, ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).