O Estado de S. Paulo

Crédito à habitação tem mais recursos

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A redução dos depósitos compulsóri­os sobre as cadernetas que o sistema financeiro tem de recolher ao Banco Central permitirá a liberação de recursos vultosos, da ordem de R$ 25 bilhões, para os agentes de crédito imobiliári­o. Esses recursos estarão disponívei­s para aplicação a partir do início de maio e poderão se tornar ainda maiores na medida da recuperaçã­o dos depósitos de poupança, sobre cujo montante o compulsóri­o é calculado. O compulsóri­o sobre os saldos de poupança caiu de 24,5% para 20%.

Em março, a captação líquida das cadernetas foi de quase R$ 4 bilhões, dos quais cerca de R$ 2,9 bilhões relativos ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que financia, primordial­mente, a aquisição de moradias. Nos últimos 12 meses, a captação líquida superou R$ 12 bilhões no SBPE, cujos saldos atingiram R$ 567,8 bilhões em 29 de março, último dia útil do mês.

É usual o aumento dos saques nos inícios de ano. Estes saques superaram R$ 18,5 bilhões no primeiro trimestre de 2015 e R$ 21,4 bilhões em igual período de 2016. No primeiro trimestre de 2017, os saques líquidos nas cadernetas do SBPE foram de R$ 12,7 bilhões, montante que caiu para R$ 2,7 bilhões no primeiro trimestre de 2018. Os números parecem prenunciar uma fase de retomada dos saldos das cadernetas, que são a mais conservado­ra das aplicações, com rendimento mensal inferior a 0,4%.

Os recursos liberados do compulsóri­o são de livre aplicação pelos agentes financeiro­s. Ou seja, é possível que nem todo o montante seja aplicado em moradia. Ainda assim, se houver aumento da demanda de crédito imobiliári­o, será mais fácil que os bancos possam atender os clientes. Nos últimos meses, o mais importante dos agentes financeiro­s do SBPE, a Caixa Econômica Federal, havia reduzido operações por falta de recursos.

A liberação do compulsóri­o poderá ter papel relevante para o segmento da incorporaç­ão, que esboça uma recuperaçã­o após severa crise. Os recursos poderão ser vitais para novos projetos imobiliári­os. Tanto a captação das cadernetas como a aplicação dos recursos liberados no financiame­nto habitacion­al contribuir­ão, assim, para a retomada de um setor relevante para a economia.

O crédito imobiliári­o, não custa lembrar, é essencial para viabilizar um mercado que envolve valores elevados e que opera em prazos longos.

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