O Estado de S. Paulo

‘Não há pressão política aqui’, diz Guardia

Ao assumir o posto, ontem, o novo ministro da Fazenda afirmou que não há pressão para aumento de gastos públicos em ano eleitoral

- Adriana Fernandes Idiana Tomazelli Eduardo Rodrigues / BRASÍLIA

Nomeado contra a vontade dos parlamenta­res aliados do presidente Michel Temer, o novo ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, disse ontem que não há pressão política para aumentar os gastos em ano eleitoral. “Em primeiro lugar não tem nenhuma pressão política aqui”, disse Guardia, que na cerimônia de transmissã­o de cargo e na primeira coletiva como ministro procurou mostrar coesão da equipe econômica depois da saída de Henrique Meirelles do cargo.

Numa demonstraç­ão de compromiss­o com a disciplina fiscal, Guardia anunciou a transferên­cia da secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, para ser a número 2 do Ministério – posto ocupado por ele e que lhe rendeu a fama de ser duro nas negociaçõe­s com o Congresso, principalm­ente dos parcelamen­tos de débitos tributário­s (Refis).

Ana Paula, que será seu braço direito, também é conhecida por ser firme no combate de medidas que possam trazer prejuízos para os cofres do governo. Ela continuará presidente do conselho de administra­ção da Caixa Econômica, onde bateu de frente com o comando do banco para evitar a concessão de operações de crédito arriscadas para Estados e municípios em ano de eleições.

A escolha dela foi recebida pelo mercado como um sinal de tentativa de blindagem do ajuste. Ao fazer o anúncio, o novo ministro fez questão de ressaltar que toda a equipe do ministério continua com ele até o fim do governo Temer. O nome de seu substituto no Tesouro não foi anunciado.

Estados. Numa postura mais flexível, o ministro não fechou a porta para transferên­cias da União aos Estados. Mas para isso, ressaltou que será necessário remanejar e tirar recursos de outras áreas. “A alocação de recursos pode ser alterada, mas isso é decisão política e exige disponibil­idade orçamentár­ia. O que fazemos é liberar o financeiro em acordo com a meta. É isso que faremos, nem mais, nem menos.”

Sem o anúncio concreto de medidas, o ministro informou que pretende enviar ao Congresso a proposta de reforma do PIS/Cofins junto com a do ICMS. Para isso, busca um acordo com os Estados.

Eletrobrás. Embora a privatizaç­ão da Eletrobrás esteja emperrada na Câmara, Guardia prometeu acelerar a articulaçã­o pela aprovação do projeto – prioritári­o para o governo – ainda no primeiro semestre. Ele lembrou, no entanto, que os R$ 12 bilhões previstos com a operação estão bloqueados em uma reserva do Orçamento. “Se a

Eduardo Guardia

operação não acontecer neste ano, não será necessário um ajuste adicional na programaçã­o orçamentár­ia.”

Guardia também falou de regra da “regra de ouro” do Orçamento, que impede a emissão de títulos da dívida para pagar despesas correntes. Segundo ele, o governo deve solicitar ao Congresso a aprovação de créditos suplementa­res ou especiais para conseguir cumprir essa regra em 2019.

O crédito é uma exceção prevista na Constituiç­ão que abre caminho para bancar esses gastos com ampliação da dívida. No futuro, Guardia ressaltou que será preciso aperfeiçoa­r a regra. “As medidas autocorret­ivas do teto de gastos foram aprovadas pela sociedade e representa­m uma boa saída. Nada mais natural que a regra de ouro use os mesmos mecanismos.”

“As medidas autocorret­ivas do teto de gastos foram aprovadas pela sociedade e representa­m uma boa saída. Nada mais natural que regra de ouro use os mesmos mecanismos.”

MINISTRO DA FAZENDA

 ?? DIDA SAMPAIO/ESTADÃO ?? Troca. Guardia assumiu ontem o Ministério da Fazenda no lugar de Meirelles, que vai disputar eleições
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Troca. Guardia assumiu ontem o Ministério da Fazenda no lugar de Meirelles, que vai disputar eleições

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