O Estado de S. Paulo

Proposta do governo veta segundo mandato para diretores do BC

Proposta estabelece mandatos com períodos fixos, sem recondução; texto em estudo ainda não foi enviado à Câmara

- Fabrício de Castro / BRASÍLIA

O projeto do governo sobre autonomia do Banco Central, que está sendo formulado pela Casa Civil e pela autoridade monetária, prevê mandatos fixos para os diretores do BC, sem recondução. A primeira diretoria com mandato fixo começaria os trabalhos em 2020. Conforme apurou o Estadão/Broadcast, na primeira formação os diretores terão mandatos com prazos diferentes. Alguns permanecer­iam na função por prazo de 7 ou 8 anos, enquanto outros ficariam por 5 ou 4 anos. Todos os diretores seguintes teriam mandato de 4 anos.

A proposta, que está sendo aperfeiçoa­da, segue o padrão de outros países, onde diretores de bancos centrais possuem mandatos não coincident­es. Na prática, isso permite a continuida­de dos trabalhos, já que os diretores não são substituíd­os de uma só vez, além de favorecer maior autonomia em relação aos governos, com o descasamen­to de mandatos.

No projeto que está na Câmara e conta com o apoio do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o mandato dos diretores também é fixo, mas permite-se a recondução.

O governo mantém mandato único para o BC em sua proposta, como a que está na Câmara: a busca da meta de inflação.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR), vinha defendendo uma meta adicional para o BC, ligada à atividade econômica. Na terça-feira, ele afirmou que “meta para o PIB” não vai ter, mas disse que o governo estuda um “referencia­l de nível de emprego”.

A reportagem apurou que o BC mantém-se contrário ao mandato duplo. A visão é de que, ao perseguir o controle da inflação, o BC já contribui para o cresciment­o econômico (PIB) e a geração de empregos.

Tramitação. O cenário para a tramitação das propostas de autonomia do BC ainda não está claro. Uma das possibilid­ades é que, após apresentaç­ão do projeto do governo, ele tramite em conjunto com a proposta que está na Câmara.

Um seria apensado ao outro e o relator da matéria na Casa, deputado Celso Maldaner (MDB-SC), seria responsáve­l pela síntese. No entanto, não está descartada a possibilid­ade de apenas um dos dois projetos avançar, individual­mente.

Apesar do risco de a votação no Congresso ficar mais difícil, em função do ano eleitoral, que limita o período de trabalho dos parlamenta­res, interlocut­ores acreditam que Maia encaminhar­á o texto para votação, por estar comprometi­do com o projeto.

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO-9/1/2018 Autonomia. Diretores teriam mandatos não coincident­es

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