O Estado de S. Paulo

Shoyu, missô e manteiga

Satoshi Kaneko é japonês, tem formação em cozinha francesa, passou por vários restaurant­es pelo mundo e está no Brasil há seis anos – comandava o Tenkai, no Rio, até assumir a cozinha do restaurant­e da Vila Nova Conceição

- Patrícia Ferraz

O Kinoshita tem novo chef. É Satoshi Kaneko, que nasceu em Tóquio e trabalhou em diversos países antes de desembarca­r no Brasil seis anos atrás, casado com uma brasileira. Desde a saída de Tsuyoshi Murakami, há dez meses, o restaurate­ur Marcelo Fernandes estava em busca de um novo cozinheiro. Cogitou trazer alguém do Japão, mas acabou contratand­o o chef do Tenkai, no Rio de Janeiro. Satoshi já assumiu a casa paulistana, ainda não assimilou completame­nte o português (a comunicaçã­o quase sempre só flui com a ajuda de um tradutor), mas já começou a mexer no cardápio. Os novos pratos refletem a trajetória do chef, que é agrônomo, especializ­ado em fermentaçã­o, tem formação na cozinha clássica francesa e trabalhou também em restaurant­es italianos. A mistura dá certo, como atesta o wagyu com molho Satoshi: a carne é de gado japonês, o molho inspirado no clássico francês sauce périgueux, tem fundo de carne e gordura como base e combina shoyu, missô, manteiga e creme de leite. E, para escoltar a carne fatiada (foto), há diversos legumes, regados com o molho – inhame, abóbora cabotchá, cenoura, mini batata, broto de bambu, raiz de lótus, quiabo e bardana. Pode ser pedido à la carte (R$ 118). Outra boa pedida é o sobá frio (R$ 48, foto) – já havia na casa uma opção desse macarrão de trigo sarraceno servido frio, mas o chef fez uma nova versão, que apelidou de “carbonara japonês”. A massa é temperada com uma mistura de gema, pasta de alga kombu e ouriço. Fresquinha e com a textura firme da massa, é muito agradável de mastigar. As manjubinha­s vêm em dupla, como entrada, empanadas e frias, com molho refrescant­e e decoradas com broto de beterraba e cebolinha.

Satoshi conta que gosta mesmo é de lidar com legumes e verduras. “Eu olho para a verdura e penso – como ela ficaria feliz? Aí decido o modo de preparo”, diz. E como é que o quiabo fica feliz? “Ah, bem verde – para conservar a cor eu cozinho ou frito rapidament­e – depois sirvo com molho de gergelim, ou faço tempurá, ou uso na salada”, diz.

Em seu menu-degustação, que varia diariament­e, os legumes são protagonis­tas, mas os preparos combinam técnica francesa e produtos orientais. Satoshi é mais focado na cozinha quente e deixa sushis e sashimis (que continuam ótimos!) a cargo dos dois sushimen que trabalhava­m na casa nos tempos do Murakami. Entre os destaques da cozinha fria está um linguado enrolado em broto de nabo. Tem também vieira fresca de Picinguaba, atum com foie gras, salmão maçaricado com azeite de trufa e buri, simples e fresco.

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FOTOS: JO TAKAHASHI Três tempos. Wagyu com legumes e molho franconipô­nico (à esq.); sobá com ouriço (no alto); e sushis (à dir.)
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Chef e agrônomo. Satoshi Kaneko assume o Kinoshita

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