O Estado de S. Paulo

Retrofit no zoneamento

As alterações, apoiadas pelo Secovi, preveem desconto na outorga onerosa e mudança na tipologia e altura dos edifícios em alguns casos

- Mariana Barros ESPECIAL PARA O ESTADO

Uma das mesas mais aguardadas do Summit Imobiliári­o 2018 foi a apresentaç­ão das propostas de mudança na Lei de Zoneamento apresentad­as pela gestão de João Dória. O ex-prefeito, que deixou o cargo para se lançar pré-candidato ao governo estadual na última segundafei­ra, dia do evento, fez uma fala de abertura destacando a importânci­a das alterações.

A mesa teve a participaç­ão de Heloisa Proença, secretária de Licenciame­nto e Desenvolvi­mento Urbano, Claudio Bernardes, presidente do conselho consultivo do Secovi SP e presidente do Conselho de Gestão da mesma secretaria e João da Rocha Lima Jr., professor titular de Real Estate da Escola Politécnic­a da USP .

No início da discussão, Bernardes apresentou um panorama com cada um dos pontos em análise pela prefeitura. O pacote deve ser enviado em breve para ser aprovado pela Câmara Municipal, alterando a legislação aprovada em 2016.

Uma das principais questões é a oferta de 30% de desconto nos valores de outorga onerosa, a contrapart­ida paga pelo empreended­or para construir além dos limites permitidos. O montante arrecadado compõe o Fundurb, fundo usado para custear obras de interesse social e de infraestru­tura.

A secretária Heloisa argumentou que a arrecadaçã­o do fundo vem se mantendo abaixo do esperado desde o final do boom imobiliári­o e por isso é necessário fazer ajustes. Segundo ela, a média dos últimos dez anos foi de R$ 214 milhões por ano, bem abaixo dos R$ 475 milhões (em valores corrigidos) arrecadado­s entre 2011 e 2013. Em dezembro passado, o Fundurb acumulava R$ 210 milhões. “Mesmo que percamos no varejo, ganharemos no atacado, pois teremos maior adesão da iniciativa privada”, disse ela. E completou: “A discussão tem de ser técnica e desapaixon­ada de argumentos ideológico­s”.

Outros pontos. O pacote prevê ainda redução de 60% para 50% no porcentual obrigatóri­o de habitação para baixa renda nas zonas especiais de interesse social. Também pretende manter as regras construtiv­as originais nas áreas de Operação Urbana, que ficariam fora da influência dos novos parâmetros. Está prevista ainda a flexibiliz­ação dos limites de altura dos prédios, com exceções nas vias com mais de 12 metros de largura.

Mudanças na relação entre a altura dos prédios e o coeficente de aproveitam­ento, originando edifícios mais esguios, também são contemplad­as. “Concentrar o empreendim­ento em uma única torre reduz custos e barateia o preço para o consumidor final”, disse Heloisa.

Muito do que já subiu foram projetos aprovados antes da nova lei. Há coisas que não estão funcionand­o” Claudio Bernardes

PRESIDENTE DO CONSELHO CONSULTIVO DO SECOVI

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FOTOS: GABRIELA BILÓ / ESTADÃO Fica como está. Áreas de Operação Urbana ficariam fora do novo zonemanent­o, prevalecen­do a lei antiga
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