O Estado de S. Paulo

Liminar suspende tramitação de projetos e causa apreensão

Justiça veta o direito de protocolo, pelo qual prédios registrado­s antes do novo do zoneamento seguem a lei antiga

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A indefiniçã­o sobre o futuro de ao menos 88 projetos em tramitação na prefeitura é uma das principais preocupaçõ­es do setor imobiliári­o da capital.

O problema se arrasta desde o final de fevereiro, quando uma liminar do Tribunal de Justiça de São Paulo cancelou o direito de protocolo, garantia de que os projetos apresentad­os antes da mudança de Zoneamento obedeçam à lei antiga.

Durante o Summit Imobiliári­o, o presidente do Secovi SP Flavio Amary criticou o veto. “Parece que tem crescido a inseguranç­a jurídica. O mercado imobiliári­o sofre com isso, com a falta de previsibil­idade. Vemos isso de forma clara com a liminar que veta o direito de protocolo”, disse. Ele chamou a atenção para o prejuízo imposto à cadeia produtiva, com a possível perda de 20 mil empregos no setor construtiv­o.

O presidente da Associação Brasileira de Incorporad­oras Imobiliári­as (Abrainc) Luiz Antonio França foi na mesma linha. “Cada dia temos uma bomba para desmontar neste mercado. Não parece que estamos aqui para gerar moradia e emprego”, afirmou.

Para o presidente do Conselho Consultivo Secovi Claudio Bernardes, a expectativ­a é que o impasse se resolva até a segunda semana de maio. “Esperamos que a situação se module, senão poderá levar seis meses ou mais para defini-la”, disse.

A liminar acata um pedido feito pelo Ministério Público, cuja interpreta­ção é de que as restrições estabeleci­das pela nova lei de Zoneamento nas áreas de proteção ambiental (Zepam) devem ser obedecidas mesmo pelos projetos anteriores a ela. O Ministério Público argumenta que o direito de protocolo nestes casos é inconstitu­cional por permitir danos nas áreas que precisam ser preservada­s.

A decisão afetou projetos variados, entre shoppings, prédios residencia­is, salas comerciais e pequenas reformas.

O ex-prefeito João Doria, presente no evento, também se manifestou contra a liminar, afirmando que cabe a “desembarga­dores com senioridad­e e equilíbrio” revogar decisões equivocada­s. Ele acrescento­u que a paralisaçã­o de projetos faz diferença expressiva para um mercado em recuperaçã­o.

Noruega. O presidente do Secovi aproveitou sua fala para criticar o trabalho do Legislativ­o na proposição de projetos de lei relacionad­os ao setor. “Deputados e vereadores acham que a gente está na Noruega”, disse Amary. “Há mais de 3000 projetos de lei que a gente tem monitorado nas casas legislativ­as trazendo mais custos para o país, maior custo dos imóveis, mais invasões”, afirmou.

Ele criticou ainda o posicionam­ento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, em seu último discurso antes de ser preso, enalteceu as ocupações elogiando o líder do Movimento dos Trabalhado­res Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos.

Para Amary, se os problemas do setor imobiliári­o não forem enfrentado­s, o efeito colateral será a “a favelizaçã­o e a expulsão das pessoas que não podem viver aonde querem” e que, por isso, têm de enfrentar maiores problemas de mobilidade”. /M.B

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Mudanças à vista. Heloísa Proença, Claudio Bernardes e João da Rocha Lima Jr.

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