Mais sofás e menos baias
Edifícios sofisticados, bem localizados e com boas instalações e serviços são os que melhor atendem a atual demanda do mercado corporativo
Se há dez anos o ambiente de trabalho ideal era aquele em que os funcionários trabalhavam em mesas separadas por baias, iluminadas por luz fria e sem vistas para a cidade, hoje a realidade mostra exatamente o contrário. Os melhores escritórios oferecem bancadas compartilhas, salas de reunião com poltronas e sofás, área de descanso com redes e cozinhas com sucos e frutas.
As transformações do mercado corporativo e o impacto delas nos imóveis comerciais foi tema da mesa com Marina Cury, presidente da Newmark Grubb Brasil, Pedro de Seixas Corrêa, especialista em incorporação e construção imobiliária da FGV Management, Ary Krivopisk, diretor de Real Estate do WeWork na América Latina, e Gustavo Garcia, head de pesquisa de mercado da Cushman & Wakefield.
As mudanças no ambiente corporativo são impulsionadas pela geração entre 20 e 30 anos, que chega ao mercado impondo novos valores e necessidades. É o que defendeu Pedro de Seixas Corrêa, da FGV Management. “Os Milleniuns não sonham com carro, mas sim em trabalhar em locais centrais e de fácil acesso. Querem flexibilidade, menos engessamento e mais autonomia.”
Para atender a esses jovens empreendedores, os espaços de trabalho compartilhados, batizados de coworking, são boas opções.
A rede global WeWork já tem sete endereços em São Paulo em pontos estratégicos, como as avenidas Paulista e Brigadeiro Faria Lima. A empresa transforma prédios em ambientes dinâmicos e confortáveis, que estimulam a criatividade, a produtividade e as conexões entre as pessoas. “A tendência é compartilhar ideias e nutrir experiências. Oferecemos a estrutura física para tornar esses ideais possíveis”, diz Ary Krivopisk.
Impacto. A transformação do ambiente corporativo está gerando um entrave no mercado imobiliário na capital paulista: a repentina desvalorização de imóveis comerciais localizados em pontos mal servidos em transporte público e com instalações menos sofisticadas. O movimento, chamado de “flight to quality”, pode ser justificado pelo aumento da demanda por complexos novos e mais bem estruturados e pela consequente desocupação e oferta excessiva de imóveis com unidades de baixa metragem e sem serviços.
Segundo Marina Cury, da Newmark Grubb Brasil, os inquilinos estão fazendo exigências cada vez mais complexas, como a instalação de cozinhas e locais adequados para receber animais, mas muitos prédios comerciais não estão aptos para receber esse tipo de programa. No entanto, a grande parte das construções em São Paulo não está apta para isso. “As exigências são cada vez mais comple-
xas, como cozinhas e locais para receber animais. Os prédios precisam ter flexibilidade”, diz.
Para Gustavo Garcia, da Cushman & Wakefield, há alternativas. “Os edifícios menos sofisticados precisam melhorar os serviços e as instalações para atender a demanda já existente”, aponta.“Nos imóveis antigos, a modernização dos equipamentos e novas possibilidades de uso da construção, o famoso retrofit, são boas saídas”, afirma.