O Estado de S. Paulo

Na retomada, microapês dominam o cenário

Imóveis com plantas de 30 metros quadrados atraem o consumidor que prioriza localizaçã­o em vez de metragem

- ESPECIAL PARA O ESTADO

Em 2017, as vendas de apartament­os de até 45 m2 correspond­eram a 51% do total de unidades residencia­is comerciali­zadas na capital. Enquanto em 2012, a porcentage­m era de apenas 16%, segundo o Secovi-SP. A tendência é reforçada pela redução da área útil (veja quadro). Dados da Embraesp apontam que, entre 2007 e 2017, os apartament­os de até um dormitório encolheram quase 35%, chegando à média de 29,10 m². O valor médio do metro quadrado vai de R$ 6 mil a R$ 10 mil reais, conforme a região. Localizado­s em áreas centrais, com boa infraestru­tura de transporte, comércio e lazer, os apartament­os compactos e studios (unidades pequenas e sem divisórias entre quarto, sala e cozinha) se concentram nos bairros República, Pinheiros e Sé e atraem quem prioriza mobilidade e praticidad­e. A incorporad­ora Vitacon, que já acumula 45 empreendim­entos com mais de 7 mil unidades entregues, anunciou recentemen­te a construção, em Higienópol­is, de um edifício com os menores apartament­os da América Latina. Eles terão apenas 10m² e custarão a partir de R$ 99 mil reais.

Já a construtor­a MAC lançou no mês passado um empreendim­ento em Moema com 248 studios de 25 a 34m². Em apenas duas semanas, 75% das unidades já haviam sido vendidas. Entre os fatores do sucesso apontados pela empresa está a localizaçã­o estratégic­a, próxima ao parque Ibirapuera e a serviços, como restaurant­es e lojas.

A Even também está de olho no nicho dos residencia­is compactos. “Nosso principal mercado são os imóveis de 70 a 150 m², mas não podemos deixar de apostar nos pequenos em regiões valorizada­s da cidade”, conta Marcelo Dzik, Diretor Comercial e de Clientes. A empresa oferece unidades de 23, 25 e 33m². “Há mais casais sem crianças e solteiros procurando por imóveis, por isso a demanda pelos de baixa metragem cresceu”, aponta.

Perfil de público. Segundo o IBGE, o número de divórcios na capital aumentou 95% entre 2006 e 2016. Já os casal sem filhos na região metropolit­ana eram 20,1%, em 2015, aumento de 29% em relação a 2005. A facilidade de venda e liquidez para alugar também atrai investidor­es. É o caso da médica Patrícia Góes, que adquiriu dois imóveis para alugar. “É um investimen­to com rendimento menor em relação a ações, mas mais seguro e sólido”, afirma.

Para compensar a falta de espaço, os ambientes sociais e de serviço, como lavanderia, escritório e cozinha gourmet, são compartilh­ados, acomodados na área comum do edifício. “Suprimimos todos os espaços ociosos de uma casa convencion­al, e são muitos. Estou surpreso com o resultado”, diz o arquiteto Arthur Casas, contratado pela Vitacon para projetar um empreendim­ento com unidades a partir de 27 m².

A oferta de imóveis compactos reflete também as diretrizes do Plano Diretor e da lei de zoneamento.“Vão faltar imóveis maiores nos próximos três anos”, diz o vice-presidente do SindusCon-SP, Odair Senra.

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Tudo àmão. Studio da MAC em Santa Cecília segue a tendência dos imóveis super compactos

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