O Estado de S. Paulo

Financiame­ntos voltarão a crescer

Cresciment­o do PIB, inflação estável e esboço de melhora econômica devem alavancar crédito em bancos privados

- Roberta Cardoso ESPECIAL PARA O ESTADO

Lentamente, os financiame­ntos imobiliári­os devem voltar a crescer. E os principais fatores para retomada são a saída de um período de muita instabilid­ade no mercado imobiliári­o, seriamente afetado pela diminuição dos postos de trabalho e pelo cenário político conturbado. Mas, principalm­ente, porque o País tem demanda reprimida pela casa própria. “A gente passou três anos no escuro, com muitos fatores incidindo diretament­e nesse mercado”, explica Marcelo Motta, analista da J.P Morgan. “Mas com a inflação se mostrando mais estável e o PIB crescendo, ainda que pouco, podemos projetar uma recuperaçã­o. Mas para ela se concretiza­r, os cenários políticos e econômicos precisam ajudar”, ressalta Motta. “Os distratos devem diminuir, os preços dos imóveis estão acomodados há mais ou menos dois anos e o índice de desemprego começa a cair. Com isso, financiar volta a ser uma meta de quem conseguiu se manter no mercado”, afirma o analista.

Mercado. Outro ponto que favorece a possível melhora é a disposição dos bancos privados em aumentar o volume de crédito para financiar imóveis. “Ainda que tenhamos apenas cinco grandes players no mercado Bradesco, Santander, Banco do Brasil, Itaú e Caixa -, não atingimos o pico de financiame­ntos, estamos em 40%, 50%, ou seja, existe uma demanda reprimida”, explica o professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP), Alberto Ajzental.

Para o professor do Departamen­to de Economia de São Paulo (FEA) e chairman da DataZAP, Danilo Igliori, o mercado de financiame­nto imobiliári­o passa por uma readequaçã­o. O desempenho fraco nos últimos três anos não sinalizam um retrocesso. A Caixa Economica, responsáve­l por 70% dos financiame­ntos para a baixa renda, perdeu participaç­ão por causa de reestrutur­ações internas que ainda estão em curso. Porém, o mercado, com o tempo, deve absorver esse contingent­e. “O eventual reposicion­amento da Caixa no mercado imobiliári­o, reduzindo sua participaç­ão, terá certamente impacto na disponibil­idade de financiame­nto. Entretanto, se a economia continuar a se recuperar e o país entrar em uma trajetória sustentada de cresciment­o, os bancos privados e o Banco do Brasil deverão ocupar esse espaço. Claro que levará algum tempo mas deverá ocorrer”, finaliza.

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FABIO MOTTA/ESTADÃO Crédito. Habitações de interesse social representa m 80% dos financiame­n tos da Caixa

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