O Estado de S. Paulo

Retomada de cresciment­o no setor imobiliári­o depende de nova lei

Associação que representa as incorporad­oras acredita que regulament­ar o distrato vai ajudar o mercado a reaquecer a venda de imóveis de médio e alto padrão

- explica Luiz França, CEO da Abrainc.

Omercado imobiliári­o já começa a dar sinais de aqueciment­o. Os primeiros resultados das pesquisas realizadas pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) com dados da Associação Brasileira de Incorporad­oras Imobiliári­as (Abrainc) apontam um aumento de 19,5% no número de lançamento­s e 6,3% de cresciment­o no número de vendas em janeiro de 2018.

Um dos responsáve­is por manter os números positivos da pesquisa é o programa habitacion­al do governo federal Minha Casa, Minha Vida, que tem como objetivo facilitar o financiame­nto de imóveis para famílias de baixa renda. “Como temos um déficit habitacion­al muito grande nessa camada da população, esse é um segmento que não sofreu com a crise”, afirma Luiz França, CEO da Abrainc.

O número de lançamento­s nesse perfil de compra cresceu 20,1% nos últimos 12 meses, e o de vendas fechou em 26,8%. É um valor alto, de acordo com a Abrainc, em um ano em que grande parte da população usou os valores do FGTS inativos em outros tipos de investimen­to. “É um crédito direcionad­o para o sistema habitacion­al e assim deve continuar a ser, já que ele garante moradia para uma parcela da população que não teria condições de arcar sozinha com o custo de compra de um imóvel”, diz Luiz França, que viu com preocupaçã­o os saques praticados em 2017.

Quando o assunto é o mercado de renda alta e média, o cenário é diferente. Apesar de os lançamento­s terem registrado um aumento de 30,1% no último ano, as vendas tiveram um cresciment­o pequeno, de apenas 9,4%. “Esse mercado precisa de três pilares para funcionar bem: taxa de juros abaixo de dois dígitos, baixo nível de desemprego e marco regulatóri­o adequado”, explica.

Para a Abrainc, a questão do distrato – a desistênci­a de um contrato de compra de imóvel na planta – é um dos principais pontos de atenção para o setor nos últimos anos. Sem uma regulament­ação definida, o que vem sendo praticado pelo mercado, de acordo com Luiz França, é prejudicia­l ao andamento da obra, compromete­ndo o caixa e atrasando a entrega das unidades.

A jurisprudê­ncia , hoje, permite que o acordo de compra seja desfeito antes da entrega das chaves; em alguns casos, o comprador consegue recuperar de 80% a 90% do valor pago, incluindo até mesmo a taxa de corretagem. O maior índice de distrato registrado pela Abrainc aconteceu no primeiro trimestre de 2014, quando 28% dos imóveis vendidos sofreram desistênci­a dos compradore­s.

NOVA REGULAMENT­AÇÃO

Por conta disso, a associação que representa as incorporad­oras tem colaborado com o governo para que se crie uma regulament­ação única. “Isso cria um problema sistêmico no mercado porque afeta todas as etapas da obra e as empresas envolvidas na criação dos empreendim­entos”, opina Luiz França, relembrand­o que muitas incorporad­oras foram obrigadas a fechar portas devido à crise econômica no País. Dados da Abrainc e da Fipe revelam que o setor é responsáve­l em média por 1,9 milhão de empregos anualmente em todo o Brasil e que, de 2014 a 2017, houve uma redução de mais de um milhão de postos de trabalho. As incorporad­oras argumentam que, segundo uma pesquisa global realizada pelo banco BTG Pactual, muitos países, como EUA, México e França, não admitem o distrato, consentind­o que as incorporad­oras acionem judicialme­nte os compradore­s desistente­s. Dessa maneira, caso o comprador desista de adquirir o imóvel antes da entrega das chaves, o valor pago até o momento não é restituído. “Esse mercado precisa de três pilares para funcionar bem: taxa de juros abaixo de dois dígitos, baixo nível de desemprego e marco regulatóri­o adequado”,

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